terça-feira, 27 de abril de 2010

'Ik denk, dat...': Amigo é importante, porque...

...mesmo quando você chega em casa depois de um dia daqueles, tipo busão lotado, trânsito infernal de manhã, calor infernal já de manhã também, criança gorda+chata atrás de você comendo Fofura (#Momento Non-Carioca Friendly: infétido biscoito/bolacha/whatever, daqueles tipo “isopor amarelo”, sempre disponível num very disgusting sabor tipo Churrasco de Gato ou Cebola Mofada, consumido preferencialmente por crianças monetariamente desfavorecidas pobres, faveladas e semi-faveladas do munícipio do Rio, que tem a curiosidade propriedade de contaminar todo um ambiente com o seu simpático e agradável aroma. Ou seja: não importa que você esteja usando Chanel N°5 ou Prada Infusion Fleur d'Oranger - se tiver um simpático infante consumindo esse produto a menos de 500m de você, o cheiro de Fofura vai grudar em você), única aula do dia inútil na faculdade logo no primeiro tempo (mas que você tem que ir, afinal como grande ser organizado que você é, precisa confirmar se o trabalho é mesmo para a semana que vem... Ou para hoje?!) e... vê que as suas suas lindas, desenvolvidas, ricas (porque não dá para ser pobre de verdade em país norte-europeu. Muito ódio de países com welfare state.) e muito amadas amigas se encontraram em Amsterdã (que era, tipo assim, ali do lado para você também até outro dia) para botar o papo em dia, fazer compras, passear pelos canais e fazer sabe-se lá mais o quê (enquanto a sua vida anda numa animação e aventura tipo “Cara, meu dia foi IRADO hoje: achei uma bibliografia para a minha monografia!!!”) e...
... elas conseguem colocar um sorriso no teu rosto no momento em que você percebe que elas ainda se lembram de te mandar um fofíssimo cartão-postal mostrando que sentem a sua falta. E te chamando de “Bitch”, naturally. ;)

Amigo é bom demais mesmo, néam?

P.S.1- By the way, pequeno díalogo do dia:

Mae: Filho, o que quer dizer “Bitch”?
Eu (com cara mais inocente do mundo): Amigo em sueco, mamãe.

(Hehehehehe)

P.S.2- Alex Bez, querido leitor, manda um e-mail para lostundfoundintranslation@gmail.com que eu te envio todas as dicas do que fazer em Hamburger Town. Jawohl? :)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cadernos de viagem. Hamburgo. Parte 1

Os alemaes costumam chamar Hamburgo de “das Tor zur Welt” (o portao para o mundo). Por séculos de história, a cidade foi o ponto pela qual a tradicional Alemanha das pequenas e médias cidades do interior, da famosa tríade Marktplatz-Rathaus-Hauptbahnhof (praça do mercado-prefeitura-estacão central) entrava em contato com os mais distantes lugares do mundo através do porto de Hamburgo. Já eu aprendi a chamar Hamburgo de “Mein Tor zur Welt”. O meu portão para o mundo. Hamburgo foi a cidade onde o mundo se abriu para mim. A primeira cidade que eu conheci fora do Brasil, o lugar onde eu tive aquele arrepio do típico de quem viaja, mas em uma intensidade que só se tem uma vez na vida: na primeira vez em que você pisa num país estrangeiro.

O filme “Albergue Espanhol” tem uma cena, logo no início, na qual o protagonista Xavier (aliás, personagem que também era economista! :D) olha para as ruas de Barcelona, recém-chegado na cidade, e pensa como todo aquele mundo estranho para ele (nomes, lugares, pessoas) logo iria se tornar algo tao próximo, algo tao parte dele. Eu lembro exatamente dessa sensação quando eu cheguei em Fuhlsbüttel. Tomamos um táxi do aeroporto para o casa do meu amigo alemão (às margens do Außenalster), onde deixamos as minhas malas e seguimos para o Europa Passage porque eu precisava comprar um casaco de inverno (#1 RÁ que eu ia pagar uma fortuna para comprar casaco de inverno vou-escalar-o-K2/ultra-cafona still in Brasil quando poderia comprar coisa MUITO melhor in Deutschland. Passar frio, talvez; barango, feio e deselegante na Europa, never. ;) #2 era sábado final de tarde, e nenhuma loja funciona aos domingos em Hamburgo). Quem conhece Hamburgo, sabe do que eu estou falando: essa rota passa basicamente por tudo aquilo que faz Hamburgo ser Hamburgo. Eu acho que nunca fiquei tao concentrado, tao surpreso, tao em êxtase na minha vida: aquele mundo completamente novo iria se tornar a minha casa pelos próximos 6 meses (na época, eu achava que voltaria ao Brasil em Agosto). Como isso poderia acontecer?!

Onze meses depois, eu ainda me lembro de estar em frente a Hauptbahnhof, no momento em que eu sabia que seria a última vez que eu veria aquele prédio em muito tempo. Eu olhei para aquele prédio, pensei em tudo o que ele representou na minha vida por um ano (quem morou na Alemanha, sabe: a sua vida é centrada nas Hauptbahnhofs, as estacoes centrais de cada cidade), pensei em tudo o que eu vivi nele. As idas para noitadas na Reeperbahn mesmo em dias de semana, as minhas escapadas para pensar-e-ficar-sozinho em Blankenese, as minhas idas para outras cidades européias, as minhas voltas e a sensação de “Home Sweet Home” que me preenchia cada vez que eu escutava “Nächste Haltestelle: Hauptbahnhof”. E sinceramente, eu não consegui dizer adeus. Simples assim. Assim como eu não consegui dizer adeus e nem visitar pela última vez nenhum dos outros pontos muito importantes para mim em Hamburgo. Pelo covarde motivo de que eu não conseguiria fazer isso, pelo menos sem ficar triste, sem chorar. Achei que, de alguma forma, não dizendo adeus eles ainda fariam um pouco parte da minha vida. Como a gente as vezes consegue ser irritantemente infantil, não é?! :) Ah, como eu daria tudo para visitar cada um desses lugares pela última vez...

Mas, no final das contas, acabou sendo melhor. Um verdadeiro hamburguês jamais choraria em público. Nie. Não ia ser na última hora que eu ia estragar tudo. :)

Hamburgo e a Alemanha
A Alemanha tem uma particularidade em relação aos outros grandes países europeus: é extremamente descentralizada. Em outras palavras, não existe UMA cidade que represente a Alemanha da forma que Paris representa a Franca ou Londres representa o Reino Unido (uma forma indiscutível de verificar isso é checando o grau da participação dessas metrópoles no PIB nacional, ou percentual de população nacional que vive nas regiões metropolitanas dessas cidades). Isso acontece basicamente devido a motivos históricos: cada Burg (burgo, cidade) representava o centro de pequenos principados e territórios regionais, cada um com história, cultura e dialeto próprio; e até Hitler (que tentou criar um espírito, inédito até então, de nação alemã), a ideia de Alemanha unificada era nada menos do que uma mera formalidade geopolítica para muitos alemães.

Alguns dizem a Alemanha é dividida por uma cruz: o Norte protestante, o Sul católico, o Oeste capitalista e rico, o Leste ainda se recuperando da experiência socialista. O resultado disso é que, para a “mentalidade alemã”, existem três metrópoles nacionais: Berlim, Hamburgo e Munique (que são as cidades com mais de um milhão de habitantes). Berlim é a antiga capital prussa que foi alçada a metrópole-central do Reich, por incômodas décadas mutilada pelo Muro e que atualmente representa o centro artístico e cultural do país, mas ainda muito atrás das outras grandes cidades no quesito econômico e de negócios. O típico berlinense seria o artista alternativo morando num loft com decoração absurdamente moderna em Kreuzberg. Munique é a rica metrópole do poderosíssimo estado da Baviera, que para os estrangeiros representa todos os clichês que temos de Alemanha, mas que para os alemães representa quase um país a parte (os dialetos bávaros são completamente incompreensíveis para os outros alemães) com o qual a maioria deles não se identifica. O típico habitante de Munique seria o homem de negócios, conservador e bem sucedido, com um comportamento um tanto-quanto bling bling, do tipo que vai esquiar logo ali, nos Alpes suíços ou austríacos, dirigindo sua Mercedes. Frankfurt? Frankfurt na verdade é nada mais que uma cidade média (500 mil habitantes – população de Juiz de Fora!) que tem o destaque internacional que tem por ser o caixa-forte da Alemanha e principal ponto de entrada do país, pelo aeroporto gigantesco nos arredores da cidade (#veneninho mode on: na verdade, os alemães em geral desprezam Frankfurt, por considerar a cidade chata, com os seus arranha-céus cheio de bancários comportadinhos demais no meio de uma cidade sem muita coisa divertida para fazer).

E Hamburgo? Hamburgo representa o ponto de contato da Alemanha com o mundo, por onde a Alemanha escoou sua produção e recebeu tudo o que importava do além-mar, a tradição hanseática do mar do Norte (a sigla HH, presente nas placas dos carros de Hamburgo vem de Hansenstadt Hamburg, ou Cidade Hanseática de Hamburgo). Essa história faz com que Hamburgo se pareca em muitos aspectos mais com Copenhague e Danzig do que com Frankfurt ou Munique. Hamburgo olha para o mar, Hamburgo deve o seu sucesso econômico ao mar (as salas da Prefeitura tem enormes painéis exaltando a tradicao marítima da cidade). E essa tradicao de cidade hanseática dá a cidade um sentimento muito forte de independência, self-importance e certa superioridade em relacao ao resto da Alemanha (os hamburgueses ironicamente dizem que para eles, Berlim já é o Sul da Alemanha). Durante os anos de Alemanha dividida, Hamburgo perdeu muito da sua importância como porto, mas assumiu boa parte do papel econômico e cultural de Berlim para com o país, e atualmente “devolve” aos poucos esse destaque tomado de uma forma não muito satisfeita (o hamburguês típico sempre tem uma rivalidade saudável com Berlim). Mesmo assim, atualmente a cidade é ainda o centro da mídia alemã (as principais editoras e canais tem seus QG's na cidade), sede de 3 grandes conglomerados empresariais (Beiersdorf, Otto e Tchibo), um dos mais importantes centros aeroespaciais do mundo (a Airbus é uma das maiores empregadoras na cidade) e somente é a regiao metropolitana mais rica da Europa depois de Londres e Bruxelas.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

'Je pense que...': Belo Monte, Brasília

Belo Monte
É muito interessante a relação da opinião pública brasileira com a questão do Meio Ambiente. Todo mundo AMA ufanisticamente a Amazônia (lembra daquela história do livro didático americano mapeando a Amazônia como território internacional?), nos indignamos com a recusa dos EUA em assinar Kyoto, batemos no peito cheio de orgulho de qualquer projetinho ecologicamente sustentável do tipo “Produzindo Etanol a partir de Bosta de Vaca” como se estivéssemos salvando o planeta. Mas no primeiro ponto onde a questão do Meio Ambiente levanta o menor ponto de interrogação em qualquer projeto que seja, logo surge o discurso “Fuck Nature” e rotulam os ambientalistas de eco-chatos. Very interesting.

Colocando a implicância tupiniquim de lado (já ouviram que você só implica com aquilo que realmente importa para você?), impressiona perceber como o nosso pensamento ambiental ainda está tao atrasado. Todos concordamos que a construção da usina é criticamente necessária, que ela é essencial para resguardar o Brasil energeticamente nas próximas décadas para o tao-desejado crescimento econômico. Mas estamos falando da 3a maior usina hidroelétrica do mundo. Bem no coração da floresta Amazônica. Discutir um projeto desse porte sem levar em consideração todos os milhões de impactos e efeitos envolvidos é de uma irresponsabilidade monumental, que todos sabemos que os nossos políticos e empresários são capazes de cometer. Por que eles (os políticos) são nada mais que reflexo do pensamento brasileiro: que acredita que o Brasil é realmente um país ecologicamente “limpo”, que polui pouco, onde essas questões ambientais ainda "não são um problema tao grave assim". Por isso eu falo que meter o pau no Greenpeace e rotular os ambientalistas de eco-chatos é pensar curto, muito curto, I'm sorry to say it. São exatamente eles que enchem o saco para que se finalmente leve a sério algo super possível de ser feito: projeto de minimização de impactos ambientais. Algo fácil, possível de ser feito, e que NUNCA foi levado a sério em qualquer obra de grande porte no nosso país. Por que não é o do interesse de governos, indústrias, iniciativa privada, gastar dinheiro protegendo árvore e animalzinho (e gente pobre, claro, afinal rico jamais vai morar em área afetada por danos ambientais). Afinal, a gente tem tanto mesmo, né? Um pouco mais, um pouco a menos não vai fazer muita diferença, néam? (Ainda estou falando de gente pobre também).

A questão é entender que discurso ambientalista não é supérfluo, e muito menos contraproducente a questão do desenvolvimento. Dá para aliar os dois, aliás, seríamos burros de não aliar os dois num país com tanto potencial para um desenvolvimento limpo como tem o Brasil. Não precisamos repetir os erros da China, não precisamos repetir os erros da Rússia (sabe como os russos controlam vazamentos nos oleodutos provenientes das regiões petrolíferas as margens do oceano Ártico? Simples: não controlam. Afinal, é frio pra caramba, o petróleo acaba se misturando à neve e congelando mesmo. Isso vem acontecendo por décadas, sem grandes problemas afinal... ainda é frio pra caramba lá. Agora, imagina comigo: o que vai acontecer quando a temperatura subir um pouquinho mais no planeta, e o degelo de primavera se tornar um pouco mais intenso naquela regiao? Vai ser meio chato, néam?). Aliás, no final das contas sai muito mais barato não repetir os erros dos nossos companheiros de BRIC. Em Meio Ambiente a conta é fácil: prevenir sai razoavelmente barato, principalmente quando se compara com reparar grandes merdas já cometidas.

Para terminar: com o Brasil se tornando gradativamente mais importante na geopolítica mundial, chega a hora de a gente aprender a escutar crítica de gringo e viver com isso. Eu sei, depois de décadas de “Ai, todo mundo gosta de brasileiro!” e “Pelé! Football! Coffee!” é tentador esperar que todo mundo ame a gente. Mas o mundo não é o concurso de Miss Universe, e muito menos a gente está se candidatando ao cargo de Miss Congeniality. Se meter em praticamente todas as questões internacionais de relevância e realmente esperar que um gringo não meta o bedelho em algo que NÓS julgamos ser de relevância somente para NÓS é meio contraditório, hein?

Brasília
Como carioca, óbvio que nutro uma certa raiva, uma certa peitica, um certo sentimento de “eles roubaram a capital da gente”. Afinal, desde a ida da capital para Brasília, o Rio de Janeiro perdeu meio que “o sentido de existir” no cenário brasileiro e entrou nessa fase decadente que nos encontramos até os dias atuais. Mas como brasileiro, não posso negar: acho Brasília foda. Ok, eu sei: custou uma fortuna, encastelou a política brasileira numa verdadeira Versalhes do Cerrado, deve ser um saco viver numa cidade que parece ter sido planejada por aquela tia que sofre de TOC por organização e você sangra o dia inteiro pelo nariz porque o ar é seco demais. Mas mesmo assim, ter como capital uma obra-prima da arquitetura moderna é simplesmente fantástico. Niemeyer pode ser criticado pelo que seja (inclusive por dominar de forma tao “predatória” a arquitetura brasileira, correndo o risco de deixar a área numa crise de identidade insuperável no momento em que ele não se encontrar mais entre nós para desenhar grandes prédios públicos), mas o seu talento é estarrecedor, ainda mais quando se lembra há quanto tempo a cidade foi projetada, e como ainda permanece violentamente moderna (Berlim, agora, reconstrói seus palácios de governo num estilo demasiado moderno para os sensíveis e tradicionais europeus, mas que para nós nem parece nada tao surpreendedoramente moderno assim). A Praca dos Três Poderes, para mim, representa “ser uma capital de um país” de uma forma que nao acontece em nenhuma outra capital do mundo, e o Congresso Nacional consegue expressar magistralmente o sentido de “Política” em formas puramente abstratas.

Talvez a nossa capital seja mesmo uma Versalhes do Cerrado, encerrada em sua decadência moral e datada enquanto projeto de capital de um Brasil moderno. Mas eu respondo isso com um trecho do livro “A Arquitetura da Felicidade”, do filósofo-pop suíço Alain de Botton: “ O propósito da sua arte e das suas construções (dos defensores da tradicao idealizadora) não era lembrar como a vida normalmente é, mas sim nos mostrar como ela poderia ser, nos aproximando pouco a pouco da satisfacao e virtude. Esculturas e prédios deveriam nos ajudar a ressucitar o melhor de nós mesmos. Elas deveriam preservar do esquecimento as nossas mais nobres aspirações.”

That is it. Nada mais a dizer. Parabéns Brasília.

terça-feira, 13 de abril de 2010

K-kinda busy

But I'm NOT out in the club and I'm sipping that bub' (raiva: tinha finalmente conseguido passar incólume ao lancamento de qualquer merda de Madame Gaga. ATÉ entrar na Colette mês passado. Auto-falantes estourando com o "Cause I'll be dancing / Causing I'll be DAN-CING!", vendedores e clientes übercools tamborilando dedinhos e mexendo discretamente o quadril. Fudeu: Lady Gaga + Beyoncé + Colette + Eu de skinny jeans = Too much gay factor together. Quase uma explosao de glitter.).

O blog nao acabou. Fernando nao morreu afogado nas enchentes no Rio de Janeiro da semana passada. Fernando nao desistiu de ser um economista e resolveu lavar pratos ad infinitum pelos 'estrangeiro' (nossa, tive um mega insight agora: bem que podiam inventar uma barbie economista, néam? Tipo, para colocar na sala do lado da HP-12C e daquela foto de graduacao inevitavelmente horrenda).

Só tá... PHODA. Pourquoi?

1) Universidade: depois de n! semestres (nem eu sei mais direito em que semestre eu estou. Só sei que sao muitos. MUITOS) na faculdade, chegou a hora de fingir oficialmente que eu aprendi alguma coisa e colocar todo o poder do enrolation para funcionar: chegou a hora de pensar na minha monografia. Ok, por um lado, uma coisa boa: a hora de pegar o diploma, nunca mais pisar nesse campus maldito, nunca mais ter aula às 7.30h, etc etc... Mas por outro lado, um saco: definir tema? (Impactos da The Week na economia bee fluminense e catarinense? Jontex ou Blausiegel: uma abordagem comparativa?) Oi? Eu nao faco idéia do que eu quero abordar. E tenho que definir essa droga até o final do mês. Além de, é claro, definir professor orientador (= fazer cara de gatinho, vozinha de machinho, dedinho na boca e "Profê, me orienta, vai?". Foda. Até que alguns professores da casa devem até ter sido gatos. Mas seguramente nao antes de 1968.). Merda.

2) 'When it rain and rain and rain and rains': O que foi a semaninha passada, hein? Rio de Janeiro meets Bombay in monsoon? Em bom paulistanês, puta MERDA meu!. Gracas a um mega insight na segunda-feira de noite ("Oi, olha o metrô ali?!"), passei incólume ao inferno (molhado) que a cidade virou na semana passada. Onde eu moro, everything just fine. O foda foi ficar a semana inteira em casa, estudando (equals: lendo tudo o que eu NAO deveria ler, menos estudar), olhando para o teto e de vez em quando vendo TV. O melhor momento? Globocop mostrando um MEGA deslizamento em um morro da Zona Norte, somente uns 2m de terra restando entre uma casa gigante e um cânion absurdo, um bando de pirralhos e gente sem nocao em cima dessa terrinha, dando tchauzinho para o helicóptero (vários celulares, e certeza de vários diálogos tipo "Creuzinete, POE NA GLOBO QUE EU TO NA TV, MULÉ!!!"), e Renato Machado me vira, em rede nacional, e manda "Olha: pessoas estao pedindo socorro ao Globocop!"! (Sério, quem tiver um vídeo desse momento, manda para o Celso Dossi. Isso TEM ficar gravado num post.). O saco do momento? Cobertura da Globo da tragédia do Morro do Bumba. Sim, eu sei que sao favelados que nao tinham outro lugar para morar, que a prefeitura errou ao nao dar um alerta e aviso de evacuacao aos moradores, bla bla bla. Mas essa overdose de "responsabilidade social" global, aliado a postura "Ficaremos aqui até que o último caquinho de tijolo seja retirado" tem enchido o saco. Além de claramente a Globo querer colocar para Judas o prefeito de Niteroí por 'negligência' ao 'deixar' a construcao de casas em cima de um lixao num país onde nunca se discutiu habitacao popular de forma séria. Realidade chamando, néam? Niteroí nao é Lausanne, prefeituras tem uma coisa chamada orcamento para respeitar (questionaram inclusive numa reportagem o repasse do Ministério do Turismo de cerca de R$19 milhoes para o Caminho Niemayer, mencionando que R$15mi seriam necessários para realocar as pessoas em áreas de risco. Ok, lindo argumento, se o Ministério do Turismo fosse, por um acaso divino, realmente responsável por custear obras de infra-estrutura nas cidades), e sinceramente... o problema habitacional em qualquer cidade brasileira é grande demais para ser discutido dessa forma Poliana. Globo, como sempre, ajudando a formacao do pensamento medio-classista do Brasil.

3) Entrevista de emprego: Lembra do processo seletivo que eu reclamei, muitos posts atrás? Entao, ainda estou nele: semana passada foi a entrevista. Primeiro, tive a biggest confirmacao ever de que as coisas no Brasil funcionam diferente: me ligaram na sexta às 18h marcando uma entrevista às 9h no dia seguinte (alguém lembra dos trânsitos maravilhosos que a cidade enfrentou semana passada?). Segundo, aquele saco clássico de sentar numa mesa, olhar para o entrevistador e ficar respondendo a perguntas superclaras tipo "Falaí sobre você, cara!". Aliás, uma pergunta: o que as bee leitoras respondem nesses processos seletivos quando aparece aquela maldita tarefa "Monte a linha do tempo da sua vida"? No meu caso, estava numa sala com 8 candidatos, toda a crème de la crème da juventude playboy-hetero-carioca (7 viajaram pela primeira vez para a Disney aos 13-15 anos, 6 estudam na Ibmec ou PUC e 5 fizeram o Work as a Slave Experience verao passado), e respostas tipo "Eu quero estar casado, com 3 filhos e ser diretor da empresa aos 30 anos" pipocaram pela sala. Na minha vez, eu pensei que seria cara de pau demais repetir esse discurso (gente, eu combinava cachecol com a minha T-Shirt na Alemanha! Pagar de hetero nao dá, néam?), passei batido pelo lado pessoal da minha vida, foquei no profissional e coloquei uma viagem de volta ao mundo aos 40 para nao ficar workaholic demais. Claro, um dos gestores veio todo "Ah, mas porque você nao falou da sua vida pessoal? Nao pensa em construir uma família?". Pensei em responder que odiava criancas e que achava Medéia um exemplo a ser seguido. Respondi que vida pessoal é a última coisa que funciona sob planejamento (quem dera que se pudesse marcar "Quando e com quem desencalharei"). E que ter vinte e poucos anos em 2010 e pensar como... uma pessoa de vinte e poucos anos da década de 50, achando que tenho que resolver toda a minha vida antes dos 30 nao era a minha. Olhares de ódio dos proto-playboys para mim, sorriso da psicóloga e do gestor. E voilá, next phase. Agora é penar, esperando até o telefone com alguma notícia definitiva.

Update: " Infelizmente informamos que para a vaga para a qual você se candidatou o retorno é negativo. Mas a empresa X e a empresa de RH Z desejam que você ainda obtenha muitas conquistas, e vitórias, pois demonstrou ser uma pessoa que tem interesse em assumir novos desafios... "

#1- Por que as empresas insistem nesses e-mails corporativo-"Siga em frente!", hein? Já fiz processo seletivo demais na vida para achar que isso foi uma grande afronta as minhas qualificacoes (na entrevista já tinham questionado o fato de eu ter um perfil "criativo" demais para um vaga mais técnica como era que a eles ofereciam), muitas vezes a questao do perfil realmente é o que rola, mas... essa conversa "psicólogo-sendo-bonzinho" nao ajuda nada a digerir o resultado nessas horas, néam?

#2- Saudades da minha vida de estudante na Europa. :( O meu low middle class lifestyle lá era bem mais legal do que o atual marasmo da minha vidinha por aqui. Hmpf...

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cadernos de viagem. Budapeste. Parte 4.

O imperdível de Budapeste, por Fernando

#1: Relaxar numa das inúmeras termas da cidade
Primeiro, vamos tratando de tirar os pensamentos uominescos dessa sua mente poluída: termas na Hungria é somente para tomar banho, fazer sauna, massagem e that is it (depecionante, eu sei: veracidade de informacao inclusive checada num site gay, que ainda comentava o fato das grandes capitais do Leste nao terem uma vida gay digna de nota). Mas mesmo assim, os spas de águas termais sao imperdíveis: parte fundamental do lazer dos budapestinos no seu tempo livre, sao mais de quinze espalhadas por toda a cidade, oferecendo praticamente todos os tipos de tratamentos estéticos e aquaterápicos disponíveis. A mais tradicional de todas é a Gellért Fürdo; mas como estávamos num grupo misto, seguimos a recomendacao do György e fomos para as piscinas da Széchenyi Fürdö. A entrada sai por 2500 florins (cerca de 10€), dando direito a duas relaxantes horas no belíssimo complexo de piscinas ao ar livre do spa. Sim, "piscinas ao ar livre": mesmo com um frio de 1°C, a fila para entrar no spa dava voltas e por pouco acabamos nao desistindo do programa. O que definitivamente teria sido uma pena: ver a neve comecar a cair caindo enquanto preguicosamente me banhava e aquecia nas águas da piscina (por volta de 35°C) foi uma das experiências mais surreais da minha vida (ainda mais quando lembrava que dali a duas semanas provavelmente estaria me tostando em uma praia carioca). Conclusao: na falta de uma praia, definitivamente o meu programa favorito! 


P.S.- Depois de sair de uma piscina térmica à 38°C, enfrentar um frio de 1°C + ventinho por uns bons 20 metros até a porta, numa sumária sunga de praia brasileira (sério: sempre que eu usava a nossa sunga, meus amigos europeus riam, gargalhavam - para eles, o nosso modelo básico é praticamente uma tanga do Gabeira. Muita raiva: fazer sauna com um completo desconhecido, peladão, na maior inocência, pode; sunga de praia ao invés daquele short horrendo que marca metade da perna, não? Mon cou que europeu branquelo vai ensinar carioca a usar roupa de banho! Hmpf!), hora de ir para o vestiário masculino. :D Ah, meninos... eu vi. Cada coisa. Que pelo amor de Santa Cher! Lembra daquela cena do Sex and The City, quando a Samantha fica na porta do vestiário vendo os jogadores passarem? Igualzinho a mim. Com a diferença que estava do lado de DENTRO do vestiário. O choque foi tão, digamos, GRANDE que o meu amigo mexicano-americano teve que em determinado momento me dar um empurrão e falar no meu ouvido "Keep walking, bitch! I know you can do it..." para continuar caminhando. Conclusão final: os húngaros podem ter um péssimo gosto para se vestir, mas me deixaram BEM impressionado... :D

Termas Széchenyi (Széchenyi Fürdö)
Állatkertki krt. 11, Budapeste
(Estacao Széchenyi Fürdö - Linha 1)
www.szechenyibath.com


#2: Comer um bom gulyás (goulash) húngaro
Sendo uma roadtrip de estudantes fudidos e mal pagos, natural que o aspecto comida acabasse sendo nao muito priorizado (afinal, como grande economista que eu serei, eu aloquei 90% da renda da viagem para festas, bebidas e semelhantes, e somente 10% para alimentacao - claro, somente de subsistência). Mais uma vez, fomos salvos pelo (santo) György: fomos todos juntos para um bar-restaurante, muito frequentado pelos estudantes universitários da região (ou seja, nada de húngara-peituda-com-cara-de-puta-com-trajes-típicos-pagando-de-camponesa-dos-Cárpatos servindo pratos!), o Pesti Sörcsarnok. Do lado de fora, um restaurante absolutamente ordinário. Do lado de dentro, também (e talvez essa seja a principal qualidade do lugar). Os preços são absurdamente baixos (viva!), e o bar conta com uma ótima seleção de cervejas alemãs, tchecas e húngaras. E as sopas, ah... as sopas! Absolutamente imperdíveis: por cerca de inacreditáveis 3€ eu comi seguramente um dos melhores goulashes da minha vida (com direito a sopa vindo à mesa num rechaud total #MagaPatalogicafeelings - amo comida que vem na mesa cheia dessas paradinhas cenográficas!). Realmente, a melhor forma de me recuperar do meu Reveillón de merda

Pesti Sörcsarnok
Vámház körút, 16, Budapeste
(perto da ponte Szabadság/Liberdade)


#3: Empanturrar-se de Kürtös Kalács em qualquer útca de Pest
#1: Essas merdas do Leste Europeu são foda: você experimenta algo que um local jura que é típico do país (" It's veeeeery Hungarian! "), que foi inventado pelo conde Venszeslaw Caralhovitch vai em 1300 e lá vai fumaça, achando que tá abafando e dando uma de aventureiro. Na primeira parada no seu próximo do país da região, surprise: você sempre encontra a mesma merda com um nome ligeiramente diferente! (Acabei de descobrir que o very Hungarian "kürtös kalács" existe até na Bielorússia!).  #2: Na primeira vez que eu vi uma barraquinha disso na rua, juro que pensei " Bah, mas tem CTG até aqui em Budapeste?!" (acho super #carneiro na vala feelings). #3: Esse troço é bom demais! Explicando bem simplificadamente, é uma tortinha doce assada num rolo, diretamente no fogo. O sabor tradicional é baunilha, mas é possível adicionar granulado de chocolate, coco e outras cositas más (calma, não é Jamaica, então não vai se empolgando!). Eu adoro qualquer coisa doce, então era encontrar um em qualquer útca (= rua) de Budapeste e implorar para os meus amigos para comprar mais um. O desafio Activia? (Sério: tudo que é barraquinha, quiosque e lojinha de rua que vendesse qualquer merda na Europa eu parava para comprar - e juro que não aconteceu nada comigo. Patrícia Travassos ficaria orgulhosa, néam?) ? Pedir um com chocolate granulado e côco para o vendedor. Em húngaro.


#4: Andar no metrô de Budapeste
Andar de metrô sempre oferece a desvantagem de nao permitir que você aprecie a vista (em viagens, sempre é melhor tentar pegar o ônibus e ir apreciando a paisagem - afinal, são férias, pressa para que?), os bondes elétricos em Budapeste acabam levando você para todos os lugares, portanto pegar o metrô nao é exatamente uma experiência tao necessária assim na capital húngara. Mas eu achei o máximo: os trens que circulam na linha 2 e 3 ainda sao os trens importados da Rússia soviética, em excelente estado de conservacao interno (por fora, ferrugens realmente denunciam a avancada idade das composicoes, circulando desde a década de 70), o que dá um clima todo "KGB-vai-te-pegar-e-te-mandar-pro-gulag" no que seria uma simples viagem de metrô. Aliás, o momento "From Russia with Love" não se restringe ao metrô: grande parte dos ônibus e bondes que circulam ainda são da era comunista (sem previsão de serem retirados das ruas e substituidos pelos trendy mas quase descartáveis modelos ocidentais, afinal, foram construídos para durar muito). Voltando ao metrô, o sistema de Budapeste é o segundo mais antigo da Europa, logo muitas estações (principalmente as da linha 1) são pequenas obras de arte - a minha favorita é a Hösök tere (Praça dos Heróis).

Tanta história por apenas alguns florins - tem coisa melhor do que isso?! (#jewish origins screaming).


#5: Passeio noturno pela Várgehy (Montanha do Castelo)
Primeiro: não. O passeio não é noturno com a intenção de fazer pegação pelos parques e ruas desertas da Várgehy (se bem que eu fui no inverno: no verão e primavera, com todas as árvores folhadas, quem sabe o que acontece por aquelas bandas, néam? Campanha Uomini para Budapeste djá?). O passeio é noturno mesmo porque de noite as luzes de Budapeste se acendem, e ver a cidade do alto, de noite, é entender porque Budapeste é considerada uma das mais belas capitais do Leste Europeu. No bairro somente circulam táxis e ônibus, e o clima é de tranquilidade bem no meio da principal cidade do país. É tudo tão lindo, tão impressionante, tão mágico, tão diferente de tudo que um brasileiro está acostumado a ver que fica difícil mencionar "o melhor de tudo" - mas também é impossível de falar da Várgehy sem falar do Palácio Imperial, a Mátyas Templom (Igreja de São Matias) e do Halászbástya (Fisherman's Bastion). Aliás, é admirando a vista do Halásbástya que você vai entender porque eu falei para ir de noite: ver todas as luzes de Budapeste aos seus pés, uma névoa subindo do Danúbio, com a vista do (também inacreditável) Parlamento Húngaro imponente do outro lado do rio é algo que eu não consigo esquecer..

Várgehy (Montanha do Castelo, Castle Hill, whatever...)
Melhor ponto de partida: Moszka tér (estação central do sistema de Budapeste). De lá, é subir a montanha caminhando (cerca de 15 minutos) ou tomar o micro-ônibus 10 (o tíquete do resto de sistema de transporte também vale lá).

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E por experiência própria...: Dicas finais
- Florins, sempre florins: A moeda da Hungria é o florim húngaro, ponto final. Pode parecer óbvio, mas depois de 4 países, 4 moedas e viver o drama de ter fome às 2h da madrugada, ter 30€ na carteira e nenhuma casa de câmbio ou caixa eletrônico nas redondezas fica claro que o mundo não é tão linear assim. Sim, o euro é aceito em muitos lugares (tipo Mc Donalds, KFCs e postos de gasolina) - mas sempre numa cotação péssima quando comparado ao que você consegue nas casas de câmbio. Pagar com cartão de crédito? Rá: na Europa é mais fácil encontrar russo neca mati do que uma merda de loja que aceita cartão de crédito! Muito chato vir do Third World, chegar na Europa e descobrir que até o Camelódromo da Saara tem pagamento mais automatizado do que aquela merda de continente.

- Ninguém vai te entender / Aprenda húngaro: Inglês pior do que Itália e Espanha, na Europa Ocidental, díficil de encontrar. Mas todo brasileiro que se preze sabe mandar um "per favore, una refeizone", um "yo quiero una Cueca-Cuela", e pronto: alguém vai entender, e vai dar para se virar. Isso não acontece em húngaro (como eu falei aqui): a pronúncia é difícil e não lembra nada do que você provavelmente conhece, portanto embromation não rola. É verdade que muita gente da geração pós-comunismo fala muito bem inglês; mas contar com isso pode resultar em situações superlegais, como por exemplo a que eu passei tentando pegar sozinho um ônibus de Budakeszi para Budapeste (resumo do drama: cinco minutos de ônibus parado, o motorista falando comigo em húngaro como se eu entendesse TUDO, eu achando que o cara queria me enrolar e não entregando a minha nota de 5000 florins para ele até que uma estudante passou, viu o drama na rua e me explicou que ele queria me dar dois tíquetes porque não tinha troco para a minha nota. Desnecessário falar que depois disso eu fui direto para o final do ônibus e enfiei a minha cara no casaco até o final da viagem)

- Ai, tá nevando, que lindo!/Ai, meu pé congelou!: Eu sei que muitas vezes o que dá é ir para Europa no final do ano, eu sei que Julho e Agosto são meses em que tudo na Europa fica caro... mas é importante deixar claro que Leste Europeu no inverno é bem complicado. Eu, que morei em Hamburgo (norte da Alemanha, ali pertinho de lugares super tropicais como Dinamarca e Noruega), confesso que senti o baque ao sair do clima do mar do Norte para o temperado continental (onde as temperaturas desabam mesmo). Por um lado, é mágico: inverno na Europa é descobrir um mundo completamente novo (para nós, de clima tropical), e eu ficava sempre hipnotizado ao ver aquelas cidades lindas, dirigir por estradas circundadas por campos... tudo inteiramente coberto de neve. Mas por outro lado, é trágico: é você querer andar mais, querer conhecer mais lugares, querer bater mais perna, e não poder porque você está sentindo muito frio e precisa se aquecer. Em algum lugar da blogsfera, li algo como "viagem no verão é para ver, viagem no inverno é para sentir". Exatamente isso: vá, mas vá consciente de que o frio que você enfrentará será um problema. (Claro, aí também é trabalhar com um pouco de antecedência, e descolar um gato local para te acompanhar nesses passeios, néam? ;) Post-ajuda nesse tema virá logo logo...).