quarta-feira, 28 de julho de 2010

De volta ao batente


Depois de quase 6 meses de buscas, currículos enviados, entrevistas, provas de inglês ("Please, choose the correct alternative: a) Am I an idiot? b) Are you an idiot? c) Are we all idiots? d) Even my American friends would fail in this fucking test e) What am I doing here?"), provas de lógica ("Marque a opção incorreta nas alternativas abaixo: a) Toda empresa explora estagiário b) Nem toda empresa explora estagiário c) Toda empresa que não explora estagiário paga mal pra caralho d) Estagiários ficam deprimidos quando assistem ao Profissão Repórter e descobrem que michês ganham num programa quase o seu futuro salário mensal, e nem precisam de graduação em faculdade de linha e experiência internacional para isso") e finalmente... o que aparece de concreto é uma vaga de temporário num projeto de escritório de consultoria. Great: foi pensando nisso que eu fiz intercâmbio, experiência de estágio no exterior, etc&tal. Enfim, projeto é até interessante, o contrato atual um teste de desempenho, o salário revoltante de tão baixo que é (sério, eu suspeito que as faxineiras do escritório ganham mais do que eu, e por muito pouco eu não estou pagando para trabalhar. Em horário integral nas férias, bien sûr!), mas como qualquer coisa é melhor do que ficar em casa assistindo 'Cabocla' enquanto me entupo de Doritos, aceitei o desafio. Afinal, "Arbeit macht Frei"* define perfeitamente o que é trabalhar, não é?

Claro, a oportunidade atual não é a única em vista: não posso deixar de lembrar a empresa de Rh que simplesmente perdeu o meu currículo na hora de me encaminhar para uma entrevista numa empresa (claro que quando eu liguei, a vaga já tinha sido ocupada), a multinacional na qual eu estou no meio daquele processo interminável de entrevistas e dinâmicas (todas sempre com variações da clássica "Vocês são um time de astronautas indo à uma missão em Marte / Escolham que porra vocês levariam e o que vocês deixariam", todas você sempre caindo no grupo que tem um imbecil prepotente que não deixa ninguém falar e quer comandar tudo e você sempre no dilema "Faço o babaca se por no seu lugar e mostro liderança, ou faço a phyna educada e mostro diplomacia?"), a outra multinacional que simplesmente responde que ficou extremamente interessada no meu currículo, mas que eu sou overqualified para a vaga em questão e que preferem guardar o meu currículo para uma vaga para um cargo mais elevado - que eles não fazem idéia de quando irá aparecere (#1: tipow... fico feliz ou fico triste? #2 Já faço uma Macumba Online para afastar os maus olhados do meu currículo nos setores que RH de empresas brasileiras que fazem com que ele simplesmente suma das mesas?). Ah, e amanhã ainda tem uma entrevista. As 8h da manhã (e a porra meu Eau Thermale - que normalmente me salvaria do visual Panda meets Ressaca em eventos que comecem antes das 10h - acabou de acabar, olha que legal!). Na Barra (cariocas entenderam o drama, não-cariocas que não conhecem o Rio: Barra é o equivalente daquele lugar muito longe que seguramente existe na sua cidade, no qual um dia uma construtora inventou que era "Premium" morar, membros da classe média compraram a idéia e foram realizar sonho da mansão-cafona-com-coluna-grega própria ou de morar num condomínio de troncentos e noventa e dois apartamentos pretensamente "de alto nível" porque conta com duas piscinas, algumas palmeiras e uma churrasqueira coletiva apelidada de "Espaço Gourmet" e onde o urbanista filho-da-puta que assinou o plano diretor para a região se esqueceu de que ruas precisam de conceitos básicos como "calçada" ou "sinal de trânsito" para serem minimamente utilizáveis).

De qualquer forma, o interessante hoje foi relembrar que... a última vez em que eu efetivamente trabalhei foi em Hamburgo, em alemão (ou seja: mesmo com o salário rídiculo, pelo menos eu trabalho em português agora. Ou acham que foi fácil chegar no seu primeiro dia de trabalho numa reunião onde você teria que teoricamente escrever uma ata e depois de duas horas ter que confessar para o seu chefe que você não entendeu absolutamente NADA do que foi dito porque nas fitas cassete do Goethe Institut as pessoas falavam bem mais pausadamente?). E perceber as pequenas-grandes diferenças do estilo de trabalho dos países, e como de alguma forma eu ainda fiquei programado no estilo de trabalho alemão. Exemplo? Por que as pessoas se beijam ao se cumprimentarem num ambiente de trabalho? (Juro que eu não consegui conter o sentimento de invasão-do-meu-espaço quando a minha chefe foi me apresentar para as pessoas do time, e as mulheres vieram me beijar!) Por que os chefes não falam que precisam de tal coisa no início da tarefa, mas somente no final - quando você vai ter que refazer tudo? Como as pessoas não sabem onde encontrar cada simples coisinha dentro de escritório? Como não existe um guia de 3 mil páginas para apresentar a empresa para os novos contratados, explicando chata e minuciosamente todos os detalhes inúteis da empresa? E o mais chocante: por que as pessoas ficam surpresas quando marcam uma reunião às 15h... e eu chego às 15h?!

Enfim, eu sei: processo natural de readaptação à minha cultura. Vai ser assim, tudo de novo no dia em que eu trabalhar em outro país (que Deus-Pai-Todo-Poderoso me dê a graça de pular a etapa São Paulo, e me permita realizar o sonho da bicha de negócios internacional o mais cedo possível!), etc&tal. Mas difícil de não relembrar de tudo o que eu passei por terras germânicas quando a primeira tarefa do seu dia é fazer um briefing de uma empresa que você descobre ficar... duas estações de metrô de distância da sua antiga casa, 7 do seu antigo local de trabalho. ;)

* Para os não versados no idioma germânico, bem... essa não é uma frase para se repetir para um alemão ou judeu, e definitivamente uma frase que tem uma aplicação um pouco além do que você irá encontrar no Google Translator. Warum?  Melhor clicar aqui para entender.

P.S.- E pensar que eu perdi uma exposíção do Hopper em Hamburgo por simples saco de enfrentar fila no Bucerius Museum... :/

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Só para deixar registrado

Melhor do que ir para o outro lado do mundo conhecer pessoas que marcam a tua vida é perceber que mesmo depois de 6 meses, mesmo depois de voltar para o outro lado do mundo... a amizade continua a mesma. Com algumas mudanças, claro (God save Facebook!). Mas de alguma forma... mais ou menos igual! :D

P.S.- Esse é o F., Francisco, meu amigo cucaracha-meets-California.
P.S.2- FÉRIAS! E logo logo os posts grande-gigante voltando. ;)
P.S.3- "Alô Wanessa? Atende Wanessa. Eu sei que você taí. Eu preciso falar com você... Por favor me escuta Wanessa!": porque tem música que do nada o nosso HD cerebral resgata do fundo do baú, e simplesmente gruda na tua cabeça, hein?! E claro, nunca é Rachimaninoff, mas sempre esse tipo de música... Sacanagem... (Comentários do clipe: 1) Esse tom loiro-queimado-atendente-de-dentista do cabelo de W is so 90's, néam? 2) Mini-choque em perceber que Dado já foi umidificante algum dia 3) Gente, Faith Hill é embutido nesse clipeám! :D)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Well...


Melhor vocês lerem por vocês mesmos... Aqui.

#Tenso.

P.S.1- Provas acabando... QUASE acabando!
P.S.2- Leitores que queiram em entrar em contato, fazer perguntas ou tirar dúvidas podem escrever para o lostundfoundintranslation@googlemail.com que assim que der eu respondo, certo?

domingo, 18 de julho de 2010

Assumiu?


Trecho da entrevista de Miguel Falabella para a Ilustrada da Folha (disponível aqui):

Você faria uma série como "Weeds" [em que uma dona de casa fica viúva e passa a vender maconha para sobreviver]?
FALABELLA - Se eu fizesse "Weeds" aqui eu tava preso. Já tô quase apanhando por causa da "Vida Alheia"... E a nossa cultura ainda tem um ranço da esquerda radical, que acha que ser bem sucedido é ser uma pessoa escrota e de direita.

Mas houve uma época em que os pobres eram de esquerda e os ricos de direita. Hoje não tem mais isso. Tem até um blog chamado Gays de Direita...
FALABELLA - Mentiiiiiiiiraaaaa!!!! Eu quero ler isso!

MARINHO - Nada mais lamentável...

FALABELLA - Genial!!!

MARINHO - Eu sei de gente que deve estar lá...

Eles dizem que a maioria dos crimes contra gays são cometidas por outros gays. É um cara católico. E ele usa uma frase sua...
FALABELLA - Eu processo essa bicha! O que ela diz?

Quando você falou que achava cafona isso de se interessar pela vida sexual dos outros. Ele usou isso para justificar o direito de estar no armário. Para sempre...
FALABELLA - Ah, mas aí é outra enfermaria, né? Tô nem aí pra isso.

Oi? :D

P.S.- Depois de um tempo percebi que o jornalista que escreveu esse "Mentiiiira!" também é Member of the Family. QUE hétero teria esse feeling para reproduzir essa expressão de maneira tão fiel? Chico Buarque não vale...
P.S.2- Sobrevivendo às provas...

sábado, 10 de julho de 2010

Eu. Odeio. Economia.

Décima hora de estudo. Dois textos, dentre os quais um clássico da literatura econômica (= texto mal escrito pra caralho, do tipo que você gasta uma hora para entender um parágrafo que vai ser refutado no parágrafo seguinte), com seus mais importantes trechos marcados (eu funciono na base da memória visual, meus textos sempre ficam essa coisa technocolor. Mais viado, impossível, néam?) e devidamente fichados. A ponta do meu indicador da mão esquerda já criou um micro-calo. Uma garrafa de dois litros de Coca-Cola já se foi. Sem cigarros, porque estou na minha semana smoke-free (uma semana sim, uma semana não durante essa fase mais complicada da facu, para me dar pelo menos a ilusão de que eu não sou tão fumante assim...). Mau-humorado. Muito mau-humorado.

E eu só estudei menos de 40% do que eu tinha planejado estudar esse final de semana. :(

Próxima encarnação eu tenho que nascer lindo. Tipo modelo, saca? E somente ter a necessidade de inteligência mínima para ser bem sucedido na carreira, e mesmo assim ganhar milhões. E ficar falando português com sotaque paulistano afetado (mesmo que eu tenha nascido no interior do RS) e mencionando palavras em inglês como se não existissem equivalentes óbvios para elas em português (eu sei, eu faço isso, mas só na escrita, all right? Não fico falando "Ah, porque quando eu fui pra London... Quando eu morei na Germany..."). E daria mole para qualquer membro de família real de qualquer casa real européia (Liechtenstein seria o top na minha lista - país pequeno, família real milionária). Se não desse certo, óbvio que eu engravidaria de algum empresário multimilionário israelense ou colombiano (país mais exótico é melhor: as pensões são maiores e você sempre tem o bônus de virar uma personalidade local).

Ok, recreio acabou. De volta pro Keynes!

P.S.- Fotinho pros que acham que Economia é só número. Eu juro que odeio matemática. Mas hoje, daria tudo por uma boa lista de exercícios. Matemática é aquela coisa: não tem margem para compreensão subjetiva. Agora teoria econômica... (Pedido atendido: uma listinha de exercícios matemáticos já me espera, na verdade... :/)
P.S.2 - Que decadência literária esse blog vive, hein? Antigamente, relatos das minhas viagens e furadas ao redor da Europa, choques culturais, minhas percepções sobre culturas diferentes com que eu convivia. Hoje em dia? Estresse de sábado de noite estudando para uma prova na segunda. :/ Desculpa aí, leitores.

Update: Gente, muita emoção. Depois de desistir, retomar, desistir e retormar os textos, resolvi ir dormir e revisar tudo no ônibus antes de chegar na faculdade. Cinco minutos antes da prova, aquela conversinha cruel tipo "Qual o papel do capital hetero-intensivo na teoria walrasiana mesmo, hein?" (e você se desespera internamente, porque mal você lembra quem foi Walras, muito menos o que era direito essa porra de capital). Jogo nas mãos dos deuses econômicos o futuro da minha nota. Professora entrega a prova: múltipla escolha. Não, isso em Economia não é legal: numa matéria onde você lê trocentos autores, trocentos outros autores destruindo as teorias dos primeiros, trocentos outros autores montando teorias com base nos argumentos dos dois primeiros, fica que nem suruba grupal: difícil saber o que é de quem. Ainda mais quando você precisa de 9 para passar direto. Marco tudo com aquela sensação incômoda de não ter muita certeza de nada direito. Entrego a prova e pergunto quando é a final. A professora ri. Vou para o computador do laboratório da informática e fico lendo blog de moda (excelente para desintoxicar meu cérebro das reflexões econômicas). Quando saio do laboratório de informática, encontro o meu monitor (gatcheenho) sozinho na sala, corrigindo as nossas provas. Pondero se devo ir no tudo ou nada (Eu faço o que você QUISER para me passar!) ou ir no brother/cualé mesmo. Vou no cualé. A gente começa a conversar e ele manda "Ah, relaxa, você mandou super bem!". Ele me passa a minha prova. Eu acertei 14 de 16 questões. A segunda maior nota da turma. :D

Conclusão do dia: O crime A cola não compensa.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Revelações de uma noite de insônia

Afinal, amanhã eu só tenho duas entrevistas de estágio + trabalho SUPER legal sobre o Walras para entregar + 3 textos para resumir e revisar. CARAJOS!

E já que a hora passa e sono não vem, vamos tentando passar o tempo. E como eu passo o meu tempo?

1) Escutando os piores hits da R&B: Oficialmente eu passo longe do popular, amo Air e Phoenix, tenho uma lista de bandas e cantores alternativinhos/rockeiros para mencionar quando quero passar uma imagem foda. Na real? Eu adoro French/Brit Rock. E amo todos esses hits tipo "início de night na Baronetti", sabe? Esses, com um bando de negão americano esfregando um monte de nota de dólar na bunda de umas biscates ou com um bando de negona tudo com o cabelo megalisado se esfregando em outros modelos negros e reclamando do relacionamento. Do tipo, de lembrar coreografia na hora em que eu, loucaço, escuto essas músicas na boate. Vergonha, muita vergonha... (E sobre o 50Cent: eu oficialmente não sou chegado num cafuçu. Mas esse jeitão cafa/gangsta, essa voz rouca, essa atitude "I gonna fuck u like a porn star"... e ainda mais esse cara cantando "Have a baby by me / Baby be a millionaire"! Com esse sorriso, nem precisa ser a millonaire: largo apartamento na Park Avenue e vou ser feliz no Bronx. Com isso TUDO pra mim!).
(P.S.- E como eu fui esquecer de comentar do Ne-yo! Eu acho o cara foda. Você sabe que o cara veio lá de baixo, você sabe que o cara é gangsta, você sabe que o cara era fácil um nada de um estado qualquer do Sul dos EUA. Mas o cara tem um porte, uma elegância absurda que realmente faz acreditar que estilo dá pra se conquistar. Pra maioria dos rappers vale a máxima "Você tira o cara do gueto, mas não tira o gueto do cara!". Pra ele? Você tira o cara do gueto. E transformar ele praticamente num local da Saville Row. Eta negro gato!)

2) Lendo notícias inúteis: quanto tá a SELIC? Não sei. Em quanto a Bovespa fechou ontem? Não faço a mínima idéia. Agora, o caso do goleiro Bruno, acabei de ver que a prisão dele acabou de ser decretada. Anta: podia ter usado a consultoria que o Daniel deu no blog dele e ter ido ser feliz na Suécia, Áustria ou Alemanha. Mas não, quis continuar na farofinha, no sambinha, na peladinha, se FERRÔ mermão. Agora é dar adeus ao Barra Mansions & Condominium e ir ser feliz no Les Residences Bangu Un.

3) Reclamando da vida e falando "Como seria bom se o tempo pudesse voltar" com os amigos online no Facebook: Primeiro, essa na foto é o meu amigo americano-mexicano F, e sim, ele está me zoando (sentiram o detalhe do cachecol no pescoço? :D). Segundo, muita sorte minha que aquele cucaracha mora em Los Angeles: o fuso horário faz com que ele quase sempre esteja online quando eu estou com insônia, e ter o privilégio de ter uma das pessoas que mais conhecem me pra trocar idéia nessa hora da noite é foda. Definitivamente, eu amo esse cara: lindo, designer foda, tira fotografia como ninguém (mas tem uma fotogenia péssima: as fotos não fazem jus à metade do tesão que esse cara é. E olha que eu já vi tudo, de todos os ângulos, com e sem roupa!), farreiro na medida certa. Sabe aquela relação de irmão que você desenvolve com algumas pessoas, e que no final acaba sublimando qualquer questão sexual que pudesse existir? Esse cara pra mim. :D

Acho que vou contar carneirinhos e tentar dormir. Ou pegar o texto do Walras que vai dar no mesmo...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Universidade

Ah, a vida de estudante! Estudantes: já perceberam que quem se formou parece fica só com as imagens positivas dessa época? As festinhas, os joguinhos de baralho naquelas santas aulas que o professor providencialmente resolveu faltar (e claro, você ao invés de seguir o exemplo dos seus amigos nerd que usam o tempo para estudar, fica vagabundeando com os seus amigos vagabundos), as viagens para congressos organizadas pelo grêmio estudantil (que basicamente servem para você ficar bêbado 24h e ir para todas as festas – MENOS frequentar as chatérrimas palestras). E essas criaturas que já estão do outro lado da mítica “Cerimônia de Colação de Grau” esquecem de todos os momentos gostosos da formação acadêmica que todo mundo passa: professor passou na segunda um trabalho para quarta valendo metade de sua nota que consiste em ler 350 páginas (e descobrir só na página 348 que o trabalho é exatamente... reproduzir somente a página 348), três provas uma atrás da outra no mesmo dia (ou o supra-sumo da crueldade: três provas em três dias consecutivos – no último dia você já tá um bagaço, seu sistema já se tornou imune à Redbull + Coca-Cola + Café e claro, o seu chefe no estágio resolve marcar uma reunião importantíssima justamente nesse terceiro dia, na qual você vai ter que falar 20 minutos sobre um novo projeto mega importante), ou gastar pequenas fortunas em xerox que depois do semestre terminado só servirão para fazer fogueira na próxima festa junina. Ah, como a faculdade é uma delícia!
E claro, todos esses estresses seriam completamente resolvidos se você tivesse seguido o exemplo dos seus amigos CDF e sentado o rabo para estudar pelo menos uma hora por dia todo dia. Mas estudante universitário gosta de emoção. E só lembra disso uma semana antes da prova, onde tudo o que resta é estudar 100% do tempo para as provas que virão.

E para vocês, criaturas formadas, aqui vai um pequeno diário do meu dia. Para que vocês lembrem, mesmo quando estejam tristes, de que vocês são felizes. Vocês já conseguiram a porra do canudo!

Metas de curtíssimo prazo

- Resumir pelo menos um dos OITO capítulos (igual a 98 páginas) do interessantíssimo livro Gestão Internacional que eu tenho que entregar até o dia 14
- Fazer um dos 59 exercícios de Estatística (que claro, levam 2 horas cada um para serem feitos)
- Ler 8 textos de História do Pensamento Econômico (que é aquele tipo de matéria em que você leva 3 horas para finalmente entender aquele esquema que a porra do autor poderia ter explicado em 2 linhas se ele tivesse tido o insight que as leriam a merda do texto que eles escreveu)
- Ler uns 4 textos de Economia do Setor Público (aquela matéria fácil, na qual você já tirou algumas notas boas, mas que poxa... já que tô bem, porque não me dedicar mais um pouco e tentar levantar o meu coeficiente de rendimento do lixo, néam?)
- Começar a escrever o primeiro capítulo da monografia
- Manter os meus 24 leitores chatos, exigentes e reclamões entretidos com histórias interessantes (e não falar de temas polêmicos, claro, porque com esse estresse todo a minha auto-estima tá no chão e eu não tô podendo de escutar crítica)

E o lindo relato do meu dia:

10h – Acordei. Levantei. Entrei na Internet. O mundo ainda tá de pé. Faço a ronda nos blogs. Merda: ninguém postou nada novo. Vou ter que realmente levantar da cadeira e batalhar para a vida.
10.10h – Faço chá com leite e sento na frente da TV para me distrair um pouquinho, só 10 minutinhos.
10.15h – Gente, o Manhã Maior tá TAO interessante (quando você tem muita coisa para fazer, até Malhação fica incrivelmente interessante). E cara, eu adoro a Daniela Albuquerque. Ela veio de baixo, fala com sotaque do interiorzão, mas venceu na vida. Casou com o dono da emissora (onde será que ela conheceu ele, néam? Na livraria Cultura?), deu uma mega garibada no visual e fica apresentando todos os programas da TV com vestido de rykah. E ainda demitiu a biscate da “Fala comigo cachorrinho, FALA COMIGO!” da Luísa Mell por algum dia ter dado uns pegas no marido dela. Ela que é inteligente.
10.16h – Hmmm... O sofá tá tão quentinho...
13.15h – Puta que pariu! Dormi no sofá! Ah, mas já são 13h, é horário de almoço. Não dá pra começar a estudar antes de almoçar, néam? E se a fome bater? Não, melhor almoçar agora...
14.30h – Depois de queimar o arroz que mamãe já tinha feito (claro, pra economizar tempo, resolvi tomar banho enquanto o arroz esquentava. Eu sou um Einstein mesmo...), ter que fazer mais arroz novo, almoçar, fazer um breakzinho para digerir um pouco (assistindo aquele primor de jornalismo lugar-comum que é o Jornal Hoje!), hora de estudar!
14.35h – Ah, mas o meu material de estudo tá desorganizado demais! Melhor organizar tudo antes de estudar, néam? Não dá para estudar com tudo desorganizado...
15h – Nossa, e eu tinha ainda mais um cigarro no maço de cigarro que eu tinha perdido na mochila... Hmmm... Mas perae: eu tinha parado de fumar semana passada. Droga. :(
15.15h – Ok, vamos sentar o rabo para estudar (Hmm... Mas aquele cigarro na mochila...)
15.30h – Peraê, que barulho é esse na TV do vizinho? Ainda tá rolando a Copa? Ah, não dá para não assistir jogo da Copa! É só de 4 em 4 anos (tirando que tem uruguaios, holandeses, muitos coxões e aquele maravilha de câmera slow motion que mostra só a bola e os coxões dos jogadores se contraindo... É bom demais!)
15.31h – Ah, se eu levar o texto para estudar enquanto assisto o jogo, super dá pra estudar junto, néam?!
15.45h – Eu odeio o Walras. E amo o Forlán.
16.15h – Desisti. Entender o que é Walras sem chá é demais pra minha cabeça.
16.25h – Chá pronto. Hmmm, mas um chá e um Lucky Strike seria perfeitos agora...
16.26h – Não posso. Não posso.
16.28h – Mas um só.. não! Não posso, não posso!
16.29h – Eu odeio Walras. Eu odeio Economia.
16.30h – Ah, quer saber? FODA-SE.
16.31h - Chá + Lucky Striker Silver. Definição do paraíso momenâneo. Como a felicidade pode existir nas coisas simples da vida, néam?
16.45h – Ui, o jogo tá bão.
17.32h – O jogo terminou. E porra, já são 17.30h?! E eu ainda tenho que ler Walras!!! :(

(Isso é para avisar que nas próximas semanas Fernando estará tentando salvar seu semestre, e os posts estarão um pouco mais esporádicos, tá? :D)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

E sinceramente, quer saber de uma coisa?

Acho esse discurso de “Que bom que a gente perdeu a Copa / Agora a gente pode ser um país sério”... terceiro mundista demais. Veja demais. Classe média feelings demais, sabe?

Por que segunda-feira, ganhando ou não a Copa, iria continuar tudo exatamente igual: a mesma merda. Empregada ganhando o que muita bee gasta em UMA cueca para trabalhar 12h/dia – 25dias/mês. Dilma e Serra (com vozinha mansa e algum slogan idiota) até Outubro tentando convencer eleitores de que irão revolucionar a economia brasileira em 4 anos de governo. Os evangélicos falando que tá todo mundo endemoniado, cientes de que estão do lado da razão e da justiça divina. Eu tendo que acordar 4:45h para chegar 7:30h na faculdade e pegar um trânsito cada vez pior porque o sistema de tráfego e transportes de qualquer capital brasileira parece ter sido planejado por uma criança de 4 anos de idade (moradora da Leblon, claro).

Mas pelo menos, tendo ganhado a porra dessa Copa, daria para fazer isso tudo com algum sorriso no rosto. Que durasse alguns dias, vá lá. Mas o que há de errado nisso? A gente não paga terapeuta para ficar falando da nossa vida, sobre tudo aquilo que a gente sabe, e no final se sai completamente aliviado, motivado? Não gasta fortunas com treinamentos empresariais idiotas, para aumentar a integração entre “gerentes” e “equipe”? Que nomeemos esse sentimento “besta” de motivação. Pronto. Motivação. É isso que ajuda a ter que enfrentar a batalha diária. E torna o sacal bem mais aceitável, palatável.

Por que sinceramente, como economista e cientista social, eu estudei demais para continuar acreditando nessa besteira simplista de que todos os problemas do Brasil tem sua fonte em nossa predileção por futebol e carnaval.

E por que como filho de nordestinos posso imaginar como ganhar esse joguinho, essa Copa iria pelo menos dar um motivo de alegria para aquele bando de gente que olha para aquele monte de lama e ruína e pensa "E agora?".

Panis et circenses? Pode ser. Mas é fácil falar quando o nosso pão e circo tá garantido, néam?

Dito.

Por que sou brasileiro, com muito orgulho, 5 vezes campeão do mundo. E se é isso que a gente sabe fazer bem, é disso que eu vou me orgulhar lá fora.

Sorte deles que eu não tô lá

.
Porra, eu comprei camisa do Brasil! Eu coloquei post patriótico no Orkut! Eu engoli a minha crítica ácida ao meu país natal e vesti a camisa! E isso que acontece?!

Se tivesse em Hamburgo, juro: já que tenho cara de terrorista palestino mesmo, era pegar o carro, dirigir até aquela merda de país, pegar uma picaretazinha e BUM! em um daqueles polderes. E Aufscheid Nederland: metade do país debaixo d'água. O máximo que aqueles FDP's iriam jogar seria pólo aquático!

Por isso que hamburguês odeia holandês. Hurensohn!

P.S.1- E torcedor holandês: REZE para jogar no Rio em 2014. Nova Holanda vai te receber de braços abertos!
P.S.2- E quer saber de outra coisa? Copa do Mundo pra Europa mein Arsch! Alemão é desenvolvido, rico demais, pode ir pra Espanha curar a deprê de ter perdido a taça. Que essa porra venha pra Argentina mesmo! Campanha #SoyBrasileñoPeroMeEncantanLosArgentinos AHORA! (Afinal, pelo menos a gente vai poder ver aquele bando de hermano gostosón con coxón grueso em câmera lenta até o final dessa Copa).
P.S.3- Apesar de que ainda tem Uruguai (a Irlanda da América do Sul: campos verdejantes, vaquinhas e um monte de velhinho de boné) e o Paraguai (do Enquanto isso, no Rh do Inferno: AVANTE MUAMBA!), néam? Uruguai até tem potencial (Forlán... :D), mas imaginar paraguaio gato além daquela coisa meio índio guarani é meio complicado, hein... (Se bem que #1 Roque Santa Cruz tá aí, e #2 em idos de 2008 eu lembro de ter ficado tão sorprendido com um paraguayo que díos...) Dúvida cruel...
P.S.4- Gente, e o pé-frio do Mick Jagger colou, hein?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Páginas da Vida... Ups, Facebook

F e T são dois grandes amigos alemães que eu fiz em Hamburgo. T foi o meu primeiro peguete em terras hamburguesas. Lembro como se fosse hoje: eu chegando para uma mega festa num antigo bunker da Segunda Guerra em Heiligengeistfeld, completamente bêbado (meu melhor amigo alemão tinha o péssimo hábito de imediatamente reabastecer todo e qualquer copo vazio na minha mão. Resultado: em qualquer festa, uma hora depois eu já estava completamente insano). Sabe quando você chega todo trabalhado na vibe Pussycat Dolls num lugar? Eu naquela noite. Olhei para um lado, olhei para o outro, encontrei a vítima: T, lindo, corpo perfeito, parado num lugar escutando a música (somente na Alemanha cara gato fica parado, sozinho em boate sem ninguém chegando). Já cheguei todo no charme Katia Flavia, todo no „Hallo, ich ser Fernando, aus Rio de Janeirrro, Brasilien“ (ja falei: a nossa nacionalidade é um asset em terras européias, que como qualquer asset tem que ser bem gerenciado. Pra que fazer a linha da „piranha-latina-um-pouco-acima-da-linha-da-prostituição“? TAO melhor fazer a linha do „latino-inteligente-E-que-fode-bem“. Resultados garantidos. :D). Resultado: uma hora e meia depois estava na cama daquilo tudo, fazendo aquelas coisas, com aquilo tudo olhando para minha cara com cara de “Nossa, que GATO” (e eu pensando “Quanta merda na Galeria Café eu tive que pegar para chegar a ISSO, hein...”). Saímos mais algumas vezes, eu me envolvi com outros (outros meaning metade de Hamburgo), ele se envolveu com outros, começamos a sair como amigos, rolavam umas recaídas mais esporádicas, e no final de tudo acabamos virando aquele tipo de amigo com quem se tem uma intimidade enorme e um carinho fraternal genuíno.

Já F foi o meu rebound guy depois do FDP germânico. (Rebound guy means aquele cara legal, inteligente, bonitinho, bom de cama com quem você sai logo depois de se fuder em algum grande relacionamento. Você fica com ele um, dois meses, trepa trepa trepa até chegar a conclusão de que você não sente nada mais especial pelo cara. Só que nessa altura o cara inevitavelmente vai completamente louco de amor por você, e você claro, vai ligar o cara perfeito por um outro FDP. Life sucks.) Inteligente, grandão, loirão, jogador de tênis compulsivo. Eu adorava ir pra casa dele: o cara preparava uns mega jantares super fodas (enquanto isso, na minha geladeira na residência estudantil: duas garrafas de vinho tinto macedônio vagabundo, mozzarella di bufala de €0,99 do Aldi, Nutella e água. E cozinhar não é um dos meus dotes. Escolha difícil, hein?), depois a gente ficava tomando vinho (não-macedônio), conversando (ou melhor, eu falava e ele escutava. Rebound guy não tem opinião, não tem vida. Ele vive os seus dilemas. E no final ainda te dá apoio), jogando Nintendo Wii (eu tenho um lado nerd SIM, TÁ?). E no final de tudo ainda tinha ainda a cama dele, GIGANTE, com um edredom fofíssimo. E claro, altas partidas de tênis (gente, tênis faz um BEM pra saúde!). Enfim, acabou que eu enjoei, tava confuso demais pela história do FDP germânico, não tava conseguindo me envolver na história (claro: o cara é legal, bonitinho, trepa bem e... a gente não se apaixona. Tem que ter uma merda no meio pra dar uma emoção na história), resolvi seguir em frente. Acabou que com o tempo acabamos virando amigos também, e ainda hoje a gente sempre se fala.

Enfim, F resolve ver que é esse tal de T no meu Facebook, T tem uma irritante capacidade de sair perfeito em TODAS as fotos (odeio muito gente assim), F fica fascinado por T e resolve adicionar T como amigo. F e T fazem comentários engraçadinhos no meu perfil , depois começam a comentar no perfil um do outro, até que resolvem “tomar um café juntos para se conhecer” (gente, mais Hamburgo que isso impossível). Aí que eu agora eu fico sabendo por um deles que eles se encontram, se adoraram, e agora simplesmente são BFF. E claro, que sempre falam do assunto preferido deles: EU. Vocês acreditam que até sobre os meus “golpes sexuais” (que nem golpes são: eu JURO que eu esqueci a chave do meu quarto nas noites em que eu sai com cada um deles!) os dois comentaram?!

Eu fiquei meio com vergonha. Ah, tá, eu sei, eu dormi com metade de Hamburgo mesmo (numa das minhas últimas nights por lá fui para um bar friendly com um amigo/ex-peguete. Chegando lá, surprise: aniversário de um outro ex-peguete! E um dos amigos dele também tinha sido um ex-peguete! E nessa noite acabei jogando charme com um outro cara que acabou se tornando o meu último peguete em terras hamburguesas! Juro, naquela noite eu constatei: ou eu saía de Hamburgo ou eu ia logo ficar sem gente nova pra pegar). Mas poxa, é demais pedir para ter uma vida piranhal privada? Hein?!

(Bem, eles ainda falam que me adoram, que estão morrendo de saudades e que eu faço uma falta danada da vida deles (adoro elogio assim. Tô carente, estressado e sem H&M). Eu também adoro eles. Legal ver que coisas legais sairam de Hamburgo. Eu sei, meloso. Eu tenho esse lado meio "episódio do Chaves de Acapulco").

P.S.- E o meu Facebook tá quase uma novela do Manoel Carlos: amigo do meu namorado francês me adiciona no Facebook. Abro o perfil e voilá: além de ser amigo do meu namorado, o cara é amigo de outro francês que eu cansei de pegar ainda em terras cariocas. #tenso Preparando o meu discurso "Sim, eu fui cortesã, mas hoje eu sou NOBRE, tá?".