“Guerra ao Terror” no Rio
Inquestionável: uma das piores semanas que essa cidade já viu. Com eventos como a Copa do Mundo e Olimpíadas se aproximando, a sensação que todo carioca teve foi de humilhação e vergonha por tudo o que aconteceu. Mensagens no meu Facebook pipocando de amigos estrangeiros perguntando como estava a situação na cidade, eu tentando tranquiliza-los que Ipanema ainda era seguro, ao mesmo tempo que em que pensava em toda a minha família espalhada pela Zonas Oeste e Norte e pensava como essa cidade realmente é partida. Os carros de polícia se multiplicando pela cidade, numa escala em que eu jamais vi antes, com os policiais se escondendo atrás dos fuzis e estampando na cara a sensação de insegurança e medo que dominou a cidade. O pânico – que pelas facilidades modernas de e-mails, sites de notícias e twitters – se espalhando pela cidade, com as notícias de empresas liberando os funcionários mais cedo, planos de jantares e get togethers sendo cancelados por “motivos de insegurança” e a preocupação por todos os amigos que moram na Zona Norte.
Não tenho muito de novo a acrescentar – afinal tudo foi exaustivamente discutido, analisado e pensado. Mas sinceramente, três coisas me preocupam seriamente nessa questão. E sobre as quais vale a pena debater aqui.
Primeiro, o argumento mais dito e repetido pela classe média carioca nessa semana de “para fazer uma omelete precisamos quebrar alguns ovos”. 30 pessoas mortas não são “alguns ovos”, 30 pessoas mortas não são um efeito colateral necessário de algo que”tinha que ser feito”. São 30 pessoas mortas. Que não sabemos se eram chefes do tráfico, aviões ou gente honesta que levou um tiro dentro de casa tentando se esconder do conflito. Já perceberam que inexistem informações sobre quem eram essas pessoas? São 30 pessoas pelas quais não haverá “Abraço a Lagoa pela Paz” nem advogados processando o Estado porque eram... 30 pessoas, provavelmente negras, moradoras de favela e que por isso são “ovos necessários de serem quebrados” para a garantia da paz no Rio de Janeiro. Que não merecem nem a mínima dignidade de terem seus nomes mostrados ao público. Isso tudo combinado com o discurso clássico de “Direitos Humanos é o caralho” - como se realmente fossemos uma Suécia, onde os policiais ficam inertes por uma variada gama de restrições de ações
Segundo, a nomenclatura de “guerra” para o conflito que aconteceu no Rio. Me chegou via e-mail a excelente declaração do deputado Marcelo Freixo sobre a questão dos conflitos no Rio que vale a pena ser repetida.
“... Primeiro, que as imagens, as armas, o número de mortos, tudo isso poderia nos levar a uma conclusão da ideia de uma guerra. Mas, qual é o problema de nós concluirmos que isso é uma guerra, de forma simplista? Não há elemento ideológico: não há nenhum grupo buscando conquistar o estado. Não há nenhum grupo organizado que busca a conquista do poder por trás de qualquer uma dessas atitudes. As atitudes são bárbaras, são violentas, precisam ser enfrentadas, mas daí a dizer que é uma guerra, traz uma concepção e uma reação do Estado que, em guerra, seria matar ou morrer. Numa guerra a consequência e as ações do Estado são previstas para uma guerra. Hoje, inevitavelmente, o grande objetivo é eliminar o inimigo e talvez as ações do Estado tenham que ser mais responsáveis e mais de longo prazo. “
Pouco vale a pena acrescentar a esse paragrafo. Talvez deixar registada a minha decepção (mesmo enquanto pirralho que não sentiu na pele o que era Ditadura, mas que todo dia quando entra na faculdade vê os nomes dos estudantes da minha faculdade assassinados pelo Governo Militar escritos numa placa numa das entradas de uma das minhas salas de aula) de ter o Exército e Marinha de volta as ruas, com o apoio popular, sem que as pessoas sequer questionassem coisas como “Forças Armadas não existem para meter em balas em brasileiros” ou sobre o perigo de estimular o orgulho de “Salvador da Pátria” de uma instituição que tomou o governo para si e só foi retirado faz meros 25 anos. E enfim... quem não pelo menos repensar duas vezes o que ouviu durante essa semana pode voltar para a leitura da sua Veja e me taxar de “defensor merdinha dos direitos humanos”.
E por último, a minha eterna crítica a adoração brasileira pelas “soluções práticas e fáceis”. Que nós realmente fossemos idiotas alienados e acreditassemos que o BOPE “iria vencer essa guerra” e que daqui para frente não existisse um bandido sequer, uma bala sendo disparada sequer no Complexo do Alemão e Morro do Cruzeiro – realmente dá para acreditar que essa situação não irá se repetir em nenhum outro morro carioca, em nenhum outro subúrbio brasileiro? Realmente precisa relembrar que essa situação é nada mais do que o pagamento tardio de uma divida social, de um modelo de desenvolvimento que provocou a geração de uma sociedade altamente desigual (again – década de 90, Brasil país mais desigual do mundo, superando qualquer país africano que jamais poríamos nossos pés por questões de segurança), da falta de alternativas e possibilidades de crescimento pessoal para uma massa significativa da população que foi ignorada pelo governo e pela sociedade enquanto elas “não causavam problemas”? Isso não é um jogo de “Counter Strike Rio – Real Life”, no qual quem vence a batalha solta um gritinho de “sou macho pra caralho” e vai tomar seu ovomaltine preparado pela empregada. Isso não é um joguinho de “Call of Duty” no qual o BOPE sai da favela carregando uma criança nos braços, transpirando dever e orgulho de “defender o que é certo” enquanto os favelados jogam flores, orgulhosos de terem sido “resgatados”.
A solução? Não sou especialista em segurança pública, não sou economista especializado em estudos da pobreza e muito menos tenho topete para sugerir fórmulas inovadoras de desenvolvimento urbano e social. O que eu sei? Que tudo começa pela construção de uma Polícia respeitada por toda uma população: da Vieira Souto ao Complexo do Alemão. E o modelo para essa polícia não é Batalhão de Operações Especiais, circulando pelas ruas num panzer blindado com uma caveira com duas armas e uma faca enfiada dentro dela. É uma Polícia eficiente, exata, cirúrgica, que prende, que atira na perna antes de tomar a decisão de enfiar uma bala na cabeça de um negro (lembram do caso do morador do Andaraí que levou um tiro na cabeça enquanto usava uma furadeira elétrica porque o policial do BOPE pensou que era uma submetralhadora? Ah claro... “efeitos colaterais”).
E o pior de tudo? Eu sei que essa polícia não vai existir tão cedo. Porque é mais fácil aumentar o número de recrutas do BOPE, porque é mais fácil meter porrada em morador de favela ao invés de investir em inteligência (no próprio discurso do Marcelo Freixo: sabe onde fica o órgão da inteligência da Polícia carioca? Na Polinter – e agora, cariocas me entendem), porque é mais fácil bater sem perguntar do que ser eficiente e deixar o julgamento nas mãos do Judiciário, como toda sociedade tolerante deve fazer.
E para nós, gays: a solução para esse problema, alternativa a questão de desenvolvimento e inclusão social desse mar de gente favelada e marginalizada, já está acontecendo: o fundamentalismo religioso. O entretinemento, o centro de direitos sociais, a escolinha nessas regiões de favela e subúrbio estão sempre concentradas na figura do Igreja e do Templo Religioso - que quase sempre propaga esse discurso conservador e reaça contra o qual nós temos “lutado”. E na hora em que essas instituições passarem a querer exercer o seu poder de mobilização de massas, o seu poder político... aí bees, vai ser a hora de empacotar as Aussie Bums e camisetas AX e ir morar lá pelas bandas do Primeiro Mundo, porque teremos perdido na “nossa” batalha.
E o Rio
O cheiro do mar. O ar saudável e bronzeado das pessoas. A possibilidade de sempre contar com a praia como programa possível para uma tarde de sol livre. O mar de ressaca quebrando na praia. O sotaque – do carioquês ipanemense até o carioquês suburbano-favelado, todos com seus 's' transformados em 'x' e seus 'r' aspirados. O fato de que não importa o quão decadente economicamente nos tornamos sempre seremos identificados como a síntese, a imagem do país para o mundo. A vista da chegada a São Conrado pela Avenida Niemeyer. As lojas de sucos. Sempre se surpreender com uma vista fantástica e espetacular do Pão-de-Açúcar e do Cristo. O tempo bom e verão quase permanente no clima dessa cidade. Perceber o clima de excitação e de êxtase quando Dezembro chega e sabemos que mais um verão se inicia. Poder escolher entre a Praia ou as ruas internas (e quase sempre o trânsito fluir melhor... pela praia). A síntese de montanhas, cidade, floresta e mar. Sentir na pele o retumbar dos tambores e tamborins durante um desfile de escola de samba. Escutar Bossa Nova em qualquer lugar do mundo e ser automaticamente transportado para 'casa'.
O fato de ter 'Naturalidade: Rio de Janeiro' na minha carteira de identidade e passaporte. E pensar que tudo isso acima faz parte de um estilo de vida. O meu estilo de vida. E que independente do lugar onde eu vá morar, eu quero ter certeza de que tudo isso espera aqui, por mim.
Crise Econômica na Europa
Para todo os que curtem os meus posts “Economics for Bees”, um must read: essa coluna do Clóvis Rossi no Folha Online. Pequena lição de como a Economia realmente funciona. (E claro, estou aberto a perguntas!).
The Bitch is back
E para todos que ficaram inconformados depois que Mr. Daniel e o seu Chato no Ar resolveram pular fora do cyberspace (e se sentiram órfãos de blogs gays cariocas de altíssima qualidade), uma boa notícia: eles está de volta, mas agora sob o título “O Mundo em Meus Olhos”. Sim, queridos: o filho pródigo do Méier está de volta, com seus textos surpreendemente fodas (yes, honey: músculos, good look e inteligência podem conviver numa mesma pessoa!), senão numa pegada mais intimista. Direto para o blogroll, claro.
Agora: todo mundo sabe que o Daniel adora hidden messages, e que o ChatonoAr era ne verdade Chat Noir. Portanto, qual a hidden message de “O Mundo em Meus Olhos”? Algo tipo assim... Tom Zé? :D
(E para o Dan: Welcome back Bitch! Sentimos sua falta!)
domingo, 28 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Weekly Report: Novembro, Semana 48
(Uma tentativa... de manter o contato com vocês. E de falar algumas besteiras, bien sûr. :D)
Crise do Euro, Irlanda, Portugal, Grécia (e todos os outros países-peludos) se ferrando
Primeiro: estava óbvio que legal não tava... mas também ninguém não queria muito acordar para a realidade, não. Dublin infelizemente eu não conheci, mas Portugal e Espanha pareciam way wealthier do que eu jamais imaginei – isso depois de eu ter conhecido a Escandinávia e ter morado na Alemanha (ou seja, nada de choque “subdesenvolvido goes to Europe”). Em Portugal discutiam seriamente um projeto de reconstrução da linha de comboios rápidos Alfa Pendular que custaria uma fortuna absurda em euros e que reduziria o tempo de viagem entre Lisboa e o Porto em enormes... 20 minutos. Já na Espanha, ainda hoje comento do aspecto palaciano do sistema de trens urbanos de Madrid – estações e túneis gigantes quase que inteiramente subterrâneos, trens que faziam seus equivalentes dos serviços urbanos de Paris e Berlim parecerem ter sido doados pela Supervia/CPTM – e de como aquilo devia doer um pouquinho no espírito de alemães e franceses quando pensavam que aquilo estava tudo sendo financiado com dinheiro da UE.
Segundo: Sinceramente, não faço a mínima ideia se Portugal escapa dessa vez. Difícil mesmo prever uma coisa que vai acontecer. Mas uma coisa é certa: entrando Portugal e Itália declarando que não vai muito bem das pernas, F-U-D-E-U. Se eu consigo imaginar a Europa sem o euro e voltando às suas moedas nacionais? Não. Economicamente, por mais que a Alemanha reclame de ter que pagar a conta da má administração de meio continente, o euro foi uma das melhores coisas que aconteceu para a combalida economia alemã. E politicamente... a parceria França-Alemanha já chegou num nível sem volta, e tanto Berlim quanto Paris sabem que enfrentar EUA e China uma sem a outra definitivamente vai ser muito pior.
E terceiro: eu juro que super imagino Betinha deitada num confortável sofá com seu MacAir no colo, num live chat com as amigas Silvinha, Margô e Soninha enquanto assiste Frau Merkel tentando explicar para os eleitores alemães porque eles deveriam financiar a dívida dos “povos do sul” (“Liebe Volk, eu sei que eles são bagunceiros, gastadores, incompetentes, só querem saber de festa e desconhecem qualquer conceito de ordem e disciplina... mas se eles quebrarem tamos com o salsichón no Kuh! E já que a gente não pode invadir, então só resta ajudar financeiramente, néam?”). Betinha digita no computador “And they thought we needed them, didn't they, girls?” e seu riso ecoa pelo Mar do Norte. :D
Homofobia não
Absolutamente me decepciona o que aconteceu tanto na Paulista como no Arpoador (e eu quero é mais ver cada um dos culpados pelos dois casos dentro da cadeia, servindo de mulherzinha pra geral).
Mas sinceramente? A indignação, a mobilização geral, o “Temos que fazer alguma coisa” acontece somente quando os casos acontecem dentro da bolha de Ipanema e Jardins? Eu sei: é onde a imprensa está, é onde a imprensa cobre, bla bla bla. Mas minha “experiência de subúrbio” (A-ham) lembra que viadinho e travesti morto são fatos absolutamente comuns, assim como Polícia e Exército fazendo suas merdas eventualmente sem que ninguém falasse de nada.
Afinal, não custa lembrar que o Brasil é o país onde mais se matam homossexuais fora do mundo islâmico, não é?
Parada do Rio
Não fui. Porque sinceramente... #1 odeio multidões, #2 odeio música alta + multidões, #3 odeio música alta + multidões + vinho barato que pode manchar qualquer uma das minhas roupas, #4 porque meu amigo não topou participar do programa de índio e me convenceu ficar vendo “Esquadrão da Moda” no Discovery Home & Health. Mas lá pelas 21h fomos tomar um chopp por Ipanema, demos uma passada na praia e fizemos a Celina-e-Odete (“Mon dieu Celina, mas o que é isso?!”) com a cena da praia na altura da Farme tomada por Pokemóns adolescentes vestidos de Restart e falando o mais autêntico Katylenês – calças jeans skinny em tons berrantes em profusão (eu sempre defendi a Skinny, mas porra: amarelo ovo? Roxo? Verde-limão?! Não dá, néam!) e muito “Ai bee, tô locaám, me passa esse Ice aquieám!”. Mas passado o choque inicial (de ver tantos projetos-travecos juntos – gente, na minha época não era liberado assim não e viadinho tomava coió no colégio!), sabe que eu fiquei até um pouco feliz? Para muitos dali era uma das raras oportunidades de darem pinta, serem o máximo de viados que pudessem ser, de se sentirem incluídos dentro da categoria “Sou Gay”. E dessa galera nova, mega afetada e mega BEEESHA! é que nós precisamos.
E a reflexão Pós-After-da-Parada...
Quando as bees cariocas vão entender que barra de cueca Calvin Klein não é chique, muito menos cool e longe de ser estilo, hein? (Porque sinceramente, a visão permamente-de-todo-e-em-qualquer-lugar daquela camisa pólo com aquele pica-pau absurdamente gigante já considerei como dada para o próximo verão carioca).
Palavrinha Nova
Pensa num 'Bear'. (Não bee, tô falando num homem gordinho e peludo mesmo, não num Urso Polar.) Tira a gordura mas mantém os pêlos. Um Wolf, certo? Ok, agora tira ainda um pouco mais de gordura. Skinneou, certo? Sabecomoéonomedisso? Squirrel. :D
Cena da Semana
Última quinta-feira de noite, amigo chama para um chopp no “Tô nem Aí” (eu sei: é tipowz aquele programa que você sabe que vai ser furado, mas que você vai... porque no fundo acha legalzinho. Total tensão no ar tipo “Gringo seeks a local / Local seeks a gringo”). Abro o guarda-roupa, boto uma camiseta social-but-casual (Oi?), bermuda, Converse cano longo vermelho e olho para os meus cachecóis europeus. Como tava um vento estranho no ar (e no Rio toda vez em que você quer fazer a linha “Puta-não-sente-frio” você acaba batendo queixo com um vento gelado vindo do mar), resolvi arramatar o look com um dos meus preferidos – um laranja – praticamente um companheiro de viagem. Me olhei no espelho, aprovei o look depois da auto-pergunta “Eu me pegava?” e saí feliz e contente de casa.
Um chopp se tornou dois chopps que se tornaram cinco chopps, toca Pitbull no ambiente, “Ai, eu quero dançar... Vamos pro Galeria?!” (sim, uma alma reagattonera existe debaixo dessa imagem eu-amo-Europa), e voilá Galeria. Small performance ao som de “In my arms” (“How do you describe a feeling?... I've only dreamt of this... WOW!”). Voltando para o bar para encontrar o meu amigo (o que no Galeria significa... 20 cm de distância ocupados por 15 cacuras e pessoas estranhas) quando uma coisa me para. Gordinho, usando uma camiseta preta justinha no corpo (quando as pessoas vão entender que “camisa justinha” só funciona quando você tem a quase impossível combinação de corpo magro/longilíneo mas sem NADA gordura, porra?) com uma clássica idiota mensagem em glitter, segurando um drink coloridinho com uma das mãos (odeio drink “coloridinho”: drink tem que ser transparente, opaco e no máximo a intervenção de uma grenadine. Mais do que isso, pra quê?). Ele para, pega no meu cachocol. E numa voz proto-diva me solta “Too much.”. E saí.
Durante 1 segundo (hiperativo: a gente pensa rápido demais mesmo), minha cabeça processa a informação. Um cara deselegante, gordinho, usando “camisa justinha” tentando passar lição de “How to get dressed” para mim? No Rio de Janeiro, uma das cidades mais legais do mundo? Rá. Rá Rá. Rá Rá Rá.
Eu viro de lado. Faço a minha melhor cara “Blair Waldorf's Über-Bitch Face”. Sorrio o mais tender dos meus sorrisos. E mando:“ 'Too much of fat' you meant, darling?”
A criatura faz aquela cara atônita de “Oi?”. Eu viro as costas. E jogo o cachecol pelo ombro da forma mais nonchalant possível que eu sei que consigo fazer – com a certeza de a ponta foi na cara dele. E continuo conversando com o meu amigo.
E decidido: o visual do verão? Qualquer coisa com cachecol. Eles já passaram 9 meses dentro do guarda-roupa, precisam de uma diversão, coitadinhos. E se todo mundo (meaning TODO MUNDO MESMO) pode sair exatamente igual de pólo da Reserva, porque eu não posso fazer a linha “Verão na Costa Amalfi”? :D
E a última
Contei para vocês que estou morando em Ipanema?
(É, eu sei: um passo crucial para a transformação numa “bicha phyna” foi dado. Agora só falta comprar a minha coleção de livros de mesinha de centro Taschen e fazer minha filiação no PSDB*. :D)
*Prometo ficar sem alfinetadas políticas por um bom tempo, tsá? :D
Crise do Euro, Irlanda, Portugal, Grécia (e todos os outros países-peludos) se ferrando
Primeiro: estava óbvio que legal não tava... mas também ninguém não queria muito acordar para a realidade, não. Dublin infelizemente eu não conheci, mas Portugal e Espanha pareciam way wealthier do que eu jamais imaginei – isso depois de eu ter conhecido a Escandinávia e ter morado na Alemanha (ou seja, nada de choque “subdesenvolvido goes to Europe”). Em Portugal discutiam seriamente um projeto de reconstrução da linha de comboios rápidos Alfa Pendular que custaria uma fortuna absurda em euros e que reduziria o tempo de viagem entre Lisboa e o Porto em enormes... 20 minutos. Já na Espanha, ainda hoje comento do aspecto palaciano do sistema de trens urbanos de Madrid – estações e túneis gigantes quase que inteiramente subterrâneos, trens que faziam seus equivalentes dos serviços urbanos de Paris e Berlim parecerem ter sido doados pela Supervia/CPTM – e de como aquilo devia doer um pouquinho no espírito de alemães e franceses quando pensavam que aquilo estava tudo sendo financiado com dinheiro da UE.
Segundo: Sinceramente, não faço a mínima ideia se Portugal escapa dessa vez. Difícil mesmo prever uma coisa que vai acontecer. Mas uma coisa é certa: entrando Portugal e Itália declarando que não vai muito bem das pernas, F-U-D-E-U. Se eu consigo imaginar a Europa sem o euro e voltando às suas moedas nacionais? Não. Economicamente, por mais que a Alemanha reclame de ter que pagar a conta da má administração de meio continente, o euro foi uma das melhores coisas que aconteceu para a combalida economia alemã. E politicamente... a parceria França-Alemanha já chegou num nível sem volta, e tanto Berlim quanto Paris sabem que enfrentar EUA e China uma sem a outra definitivamente vai ser muito pior.
E terceiro: eu juro que super imagino Betinha deitada num confortável sofá com seu MacAir no colo, num live chat com as amigas Silvinha, Margô e Soninha enquanto assiste Frau Merkel tentando explicar para os eleitores alemães porque eles deveriam financiar a dívida dos “povos do sul” (“Liebe Volk, eu sei que eles são bagunceiros, gastadores, incompetentes, só querem saber de festa e desconhecem qualquer conceito de ordem e disciplina... mas se eles quebrarem tamos com o salsichón no Kuh! E já que a gente não pode invadir, então só resta ajudar financeiramente, néam?”). Betinha digita no computador “And they thought we needed them, didn't they, girls?” e seu riso ecoa pelo Mar do Norte. :D
Homofobia não
Absolutamente me decepciona o que aconteceu tanto na Paulista como no Arpoador (e eu quero é mais ver cada um dos culpados pelos dois casos dentro da cadeia, servindo de mulherzinha pra geral).
Mas sinceramente? A indignação, a mobilização geral, o “Temos que fazer alguma coisa” acontece somente quando os casos acontecem dentro da bolha de Ipanema e Jardins? Eu sei: é onde a imprensa está, é onde a imprensa cobre, bla bla bla. Mas minha “experiência de subúrbio” (A-ham) lembra que viadinho e travesti morto são fatos absolutamente comuns, assim como Polícia e Exército fazendo suas merdas eventualmente sem que ninguém falasse de nada.
Afinal, não custa lembrar que o Brasil é o país onde mais se matam homossexuais fora do mundo islâmico, não é?
Parada do Rio
Não fui. Porque sinceramente... #1 odeio multidões, #2 odeio música alta + multidões, #3 odeio música alta + multidões + vinho barato que pode manchar qualquer uma das minhas roupas, #4 porque meu amigo não topou participar do programa de índio e me convenceu ficar vendo “Esquadrão da Moda” no Discovery Home & Health. Mas lá pelas 21h fomos tomar um chopp por Ipanema, demos uma passada na praia e fizemos a Celina-e-Odete (“Mon dieu Celina, mas o que é isso?!”) com a cena da praia na altura da Farme tomada por Pokemóns adolescentes vestidos de Restart e falando o mais autêntico Katylenês – calças jeans skinny em tons berrantes em profusão (eu sempre defendi a Skinny, mas porra: amarelo ovo? Roxo? Verde-limão?! Não dá, néam!) e muito “Ai bee, tô locaám, me passa esse Ice aquieám!”. Mas passado o choque inicial (de ver tantos projetos-travecos juntos – gente, na minha época não era liberado assim não e viadinho tomava coió no colégio!), sabe que eu fiquei até um pouco feliz? Para muitos dali era uma das raras oportunidades de darem pinta, serem o máximo de viados que pudessem ser, de se sentirem incluídos dentro da categoria “Sou Gay”. E dessa galera nova, mega afetada e mega BEEESHA! é que nós precisamos.
E a reflexão Pós-After-da-Parada...
Quando as bees cariocas vão entender que barra de cueca Calvin Klein não é chique, muito menos cool e longe de ser estilo, hein? (Porque sinceramente, a visão permamente-de-todo-e-em-qualquer-lugar daquela camisa pólo com aquele pica-pau absurdamente gigante já considerei como dada para o próximo verão carioca).
Palavrinha Nova
Pensa num 'Bear'. (Não bee, tô falando num homem gordinho e peludo mesmo, não num Urso Polar.) Tira a gordura mas mantém os pêlos. Um Wolf, certo? Ok, agora tira ainda um pouco mais de gordura. Skinneou, certo? Sabecomoéonomedisso? Squirrel. :D
Cena da Semana
Última quinta-feira de noite, amigo chama para um chopp no “Tô nem Aí” (eu sei: é tipowz aquele programa que você sabe que vai ser furado, mas que você vai... porque no fundo acha legalzinho. Total tensão no ar tipo “Gringo seeks a local / Local seeks a gringo”). Abro o guarda-roupa, boto uma camiseta social-but-casual (Oi?), bermuda, Converse cano longo vermelho e olho para os meus cachecóis europeus. Como tava um vento estranho no ar (e no Rio toda vez em que você quer fazer a linha “Puta-não-sente-frio” você acaba batendo queixo com um vento gelado vindo do mar), resolvi arramatar o look com um dos meus preferidos – um laranja – praticamente um companheiro de viagem. Me olhei no espelho, aprovei o look depois da auto-pergunta “Eu me pegava?” e saí feliz e contente de casa.
Um chopp se tornou dois chopps que se tornaram cinco chopps, toca Pitbull no ambiente, “Ai, eu quero dançar... Vamos pro Galeria?!” (sim, uma alma reagattonera existe debaixo dessa imagem eu-amo-Europa), e voilá Galeria. Small performance ao som de “In my arms” (“How do you describe a feeling?... I've only dreamt of this... WOW!”). Voltando para o bar para encontrar o meu amigo (o que no Galeria significa... 20 cm de distância ocupados por 15 cacuras e pessoas estranhas) quando uma coisa me para. Gordinho, usando uma camiseta preta justinha no corpo (quando as pessoas vão entender que “camisa justinha” só funciona quando você tem a quase impossível combinação de corpo magro/longilíneo mas sem NADA gordura, porra?) com uma clássica idiota mensagem em glitter, segurando um drink coloridinho com uma das mãos (odeio drink “coloridinho”: drink tem que ser transparente, opaco e no máximo a intervenção de uma grenadine. Mais do que isso, pra quê?). Ele para, pega no meu cachocol. E numa voz proto-diva me solta “Too much.”. E saí.
Durante 1 segundo (hiperativo: a gente pensa rápido demais mesmo), minha cabeça processa a informação. Um cara deselegante, gordinho, usando “camisa justinha” tentando passar lição de “How to get dressed” para mim? No Rio de Janeiro, uma das cidades mais legais do mundo? Rá. Rá Rá. Rá Rá Rá.
Eu viro de lado. Faço a minha melhor cara “Blair Waldorf's Über-Bitch Face”. Sorrio o mais tender dos meus sorrisos. E mando:“ 'Too much of fat' you meant, darling?”
A criatura faz aquela cara atônita de “Oi?”. Eu viro as costas. E jogo o cachecol pelo ombro da forma mais nonchalant possível que eu sei que consigo fazer – com a certeza de a ponta foi na cara dele. E continuo conversando com o meu amigo.
E decidido: o visual do verão? Qualquer coisa com cachecol. Eles já passaram 9 meses dentro do guarda-roupa, precisam de uma diversão, coitadinhos. E se todo mundo (meaning TODO MUNDO MESMO) pode sair exatamente igual de pólo da Reserva, porque eu não posso fazer a linha “Verão na Costa Amalfi”? :D
E a última
Contei para vocês que estou morando em Ipanema?
(É, eu sei: um passo crucial para a transformação numa “bicha phyna” foi dado. Agora só falta comprar a minha coleção de livros de mesinha de centro Taschen e fazer minha filiação no PSDB*. :D)
*Prometo ficar sem alfinetadas políticas por um bom tempo, tsá? :D
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Curtas: I'm so busy
Faculdade, primeiras provas pessimas, Acorda! de meio de periodo, uberpanico com a possibilidade de repetir com em qualquer uma das materias atualmente cursadas (faculdade mais um periodo nao!) e certeza absoluta de que paz de espirito somente da segunda semana de dezembro para frente. Estagio novo, estagio antigo, estagio novo com o dobro do salario, terno (longo verao pela frente) e vista para a Baia de Guanabara e decisao pessoal de que daqui para frente meu maximo tem que virar meu padrao e que eu tenho que me tornar o profissional que eu sempre quis ser (ou seja: blogsfera durante o horario de trabalho, Auf Wiederniemals!). Quarto na Zona Sul, flatmate (incompetente) decide que pagar a luz e o gas nao sao prioridades, discussoes (jamais discuta comigo quando eu estou plenamente seguro de que eu estou certo - preze pela sua vida), move out, noites na casa de um amigo no Leblon, noites na casa da tia em Vila da Penha (#For-Non-Cariocas: Bairro da Zona Norte/suburbio com certa concentracao de predios bonitinhos, casinhas arrumadas e pessoas com padrao aquisitivo relativamente mais elevado, sonho de vida da maioria dos suburbanos. E claro, no meio das principais e mais pacificas favelas do Rio de Janeiro), busca incessante pelo maravilhoso mercado imobiliario do Rio de qualquer coisa para morar (bolha define - as pessoas realmente perderam a nocao de valores, principalmente em Botafogo) e certeza de a teoria "Quando uma area da sua vida comeca a dar certo, outra instantaneamente comeca a dar errado" realmente funciona. Crise no namoro a distancia, termina, volta (tudo por Skype), colocamos os pontos nos i's culturais (namoro intercultural never again!) e vamos tentando ate onde da, saudades para caralho e marcando passagens para os proximos encontros.
Explicada a falta de posts? :D
(Assim que retornar ao mundo com Internet e sem faculdade, prometo voltar com as postagens num ritmo normal, certo? :D)
Explicada a falta de posts? :D
(Assim que retornar ao mundo com Internet e sem faculdade, prometo voltar com as postagens num ritmo normal, certo? :D)
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
" O pior é pensar que o Nordeste escolhe o Presidente, mas nós é que pagamos a conta... Deplorável. "
Extraído da blog sobre a campanha da presidência da Folha.
Somente um comentário: eu não votei no Serra (e jamais votarei em PSDB) exatamente por esse motivo. O PT tem milhões de problemas, mas sinceramente, eleitores que declaram abertamente esse tipo de opinião? A gente sabe muito bem onde encontra.
P.S.- E quem vier com comentário do tipo "Mas o Nordeste é sustentado pelos impostos do Sudeste", por favor, faça-me um grande favor: abra um livro sobre o sistema de distribuição tributária brasileiro e leia sobre o tema antes de falar alguma merda. Também vale pensar em toda a mão-de-obra baratinha baratinha (que passa a sua roupa, serve seu prato no restaurante, dirige seu ônibus) que simplesmente fez a grande ofensa de migrar dentro do seu próprio país em busca de melhores condições de vida.
P.S.2- Filho de pernambucanos que migraram para o Rio, sim senhor. 100% de sangue nordestino rolando aqui nas veias (apesar de que isso representa porra nenhuma pra mim).
P.S.3- PUTO. Muito puto com esse tipo de gente.
Somente um comentário: eu não votei no Serra (e jamais votarei em PSDB) exatamente por esse motivo. O PT tem milhões de problemas, mas sinceramente, eleitores que declaram abertamente esse tipo de opinião? A gente sabe muito bem onde encontra.
P.S.- E quem vier com comentário do tipo "Mas o Nordeste é sustentado pelos impostos do Sudeste", por favor, faça-me um grande favor: abra um livro sobre o sistema de distribuição tributária brasileiro e leia sobre o tema antes de falar alguma merda. Também vale pensar em toda a mão-de-obra baratinha baratinha (que passa a sua roupa, serve seu prato no restaurante, dirige seu ônibus) que simplesmente fez a grande ofensa de migrar dentro do seu próprio país em busca de melhores condições de vida.
P.S.2- Filho de pernambucanos que migraram para o Rio, sim senhor. 100% de sangue nordestino rolando aqui nas veias (apesar de que isso representa porra nenhuma pra mim).
P.S.3- PUTO. Muito puto com esse tipo de gente.
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