segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Weekly Report: Novembro, Semana 48

(Uma tentativa... de manter o contato com vocês. E de falar algumas besteiras, bien sûr. :D)


Crise do Euro, Irlanda, Portugal, Grécia (e todos os outros países-peludos) se ferrando
Primeiro: estava óbvio que legal não tava... mas também ninguém não queria muito acordar para a realidade, não. Dublin infelizemente eu não conheci, mas Portugal e Espanha pareciam way wealthier do que eu jamais imaginei – isso depois de eu ter conhecido a Escandinávia e ter morado na Alemanha (ou seja, nada de choque “subdesenvolvido goes to Europe”). Em Portugal discutiam seriamente um projeto de reconstrução da linha de comboios rápidos Alfa Pendular que custaria uma fortuna absurda em euros e que reduziria o tempo de viagem entre Lisboa e o Porto em enormes... 20 minutos. Já na Espanha, ainda hoje comento do aspecto palaciano do sistema de trens urbanos de Madrid – estações e túneis gigantes quase que inteiramente subterrâneos, trens que faziam seus equivalentes dos serviços urbanos de Paris e Berlim parecerem ter sido doados pela Supervia/CPTM – e de como aquilo devia doer um pouquinho no espírito de alemães e franceses quando pensavam que aquilo estava tudo sendo financiado com dinheiro da UE.

Segundo: Sinceramente, não faço a mínima ideia se Portugal escapa dessa vez. Difícil mesmo prever uma coisa que vai acontecer. Mas uma coisa é certa: entrando Portugal e Itália declarando que não vai muito bem das pernas, F-U-D-E-U. Se eu consigo imaginar a Europa sem o euro e voltando às suas moedas nacionais? Não. Economicamente, por mais que a Alemanha reclame de ter que pagar a conta da má administração de meio continente, o euro foi uma das melhores coisas que aconteceu para a combalida economia alemã. E politicamente... a parceria França-Alemanha já chegou num nível sem volta, e tanto Berlim quanto Paris sabem que enfrentar EUA e China uma sem a outra definitivamente vai ser muito pior.

E terceiro: eu juro que super imagino Betinha deitada num confortável sofá com seu MacAir no colo, num live chat com as amigas Silvinha, Margô e Soninha enquanto assiste Frau Merkel tentando explicar para os eleitores alemães porque eles deveriam financiar a dívida dos “povos do sul” (“Liebe Volk, eu sei que eles são bagunceiros, gastadores, incompetentes, só querem saber de festa e desconhecem qualquer conceito de ordem e disciplina... mas se eles quebrarem tamos com o salsichón no Kuh! E já que a gente não pode invadir, então só resta ajudar financeiramente, néam?”). Betinha digita no computador “And they thought we needed them, didn't they, girls?” e seu riso ecoa pelo Mar do Norte. :D

Homofobia não
Absolutamente me decepciona o que aconteceu tanto na Paulista como no Arpoador (e eu quero é mais ver cada um dos culpados pelos dois casos dentro da cadeia, servindo de mulherzinha pra geral).

Mas sinceramente? A indignação, a mobilização geral, o “Temos que fazer alguma coisa” acontece somente quando os casos acontecem dentro da bolha de Ipanema e Jardins? Eu sei: é onde a imprensa está, é onde a imprensa cobre, bla bla bla. Mas minha “experiência de subúrbio” (A-ham) lembra que viadinho e travesti morto são fatos absolutamente comuns, assim como Polícia e Exército fazendo suas merdas eventualmente sem que ninguém falasse de nada.

Afinal, não custa lembrar que o Brasil é o país onde mais se matam homossexuais fora do mundo islâmico, não é?

Parada do Rio
Não fui. Porque sinceramente... #1 odeio multidões, #2 odeio música alta + multidões, #3 odeio música alta + multidões + vinho barato que pode manchar qualquer uma das minhas roupas, #4 porque meu amigo não topou participar do programa de índio e me convenceu ficar vendo “Esquadrão da Moda” no Discovery Home & Health. Mas lá pelas 21h fomos tomar um chopp por Ipanema, demos uma passada na praia e fizemos a Celina-e-Odete (“Mon dieu Celina, mas o que é isso?!”) com a cena da praia na altura da Farme tomada por Pokemóns adolescentes vestidos de Restart e falando o mais autêntico Katylenês – calças jeans skinny em tons berrantes em profusão (eu sempre defendi a Skinny, mas porra: amarelo ovo? Roxo? Verde-limão?! Não dá, néam!) e muito “Ai bee, tô locaám, me passa esse Ice aquieám!”. Mas passado o choque inicial (de ver tantos projetos-travecos juntos – gente, na minha época não era liberado assim não e viadinho tomava coió no colégio!), sabe que eu fiquei até um pouco feliz? Para muitos dali era uma das raras oportunidades de darem pinta, serem o máximo de viados que pudessem ser, de se sentirem incluídos dentro da categoria “Sou Gay”. E dessa galera nova, mega afetada e mega BEEESHA! é que nós precisamos.

E a reflexão Pós-After-da-Parada...
Quando as bees cariocas vão entender que barra de cueca Calvin Klein não é chique, muito menos cool e longe de ser estilo, hein? (Porque sinceramente, a visão permamente-de-todo-e-em-qualquer-lugar daquela camisa pólo com aquele pica-pau absurdamente gigante já considerei como dada para o próximo verão carioca).

Palavrinha Nova
Pensa num 'Bear'. (Não bee, tô falando num homem gordinho e peludo mesmo, não num Urso Polar.) Tira a gordura mas mantém os pêlos. Um Wolf, certo? Ok, agora tira ainda um pouco mais de gordura. Skinneou, certo? Sabecomoéonomedisso? Squirrel. :D

Cena da Semana
Última quinta-feira de noite, amigo chama para um chopp no “Tô nem Aí” (eu sei: é tipowz aquele programa que você sabe que vai ser furado, mas que você vai... porque no fundo acha legalzinho. Total tensão no ar tipo “Gringo seeks a local / Local seeks a gringo”). Abro o guarda-roupa, boto uma camiseta social-but-casual (Oi?), bermuda, Converse cano longo vermelho e olho para os meus cachecóis europeus. Como tava um vento estranho no ar (e no Rio toda vez em que você quer fazer a linha “Puta-não-sente-frio” você acaba batendo queixo com um vento gelado vindo do mar), resolvi arramatar o look com um dos meus preferidos – um laranja – praticamente um companheiro de viagem. Me olhei no espelho, aprovei o look depois da auto-pergunta “Eu me pegava?” e saí feliz e contente de casa.

Um chopp se tornou dois chopps que se tornaram cinco chopps, toca Pitbull no ambiente, “Ai, eu quero dançar... Vamos pro Galeria?!” (sim, uma alma reagattonera existe debaixo dessa imagem eu-amo-Europa), e voilá Galeria. Small performance ao som de “In my arms” (“How do you describe a feeling?... I've only dreamt of this... WOW!”). Voltando para o bar para encontrar o meu amigo (o que no Galeria significa... 20 cm de distância ocupados por 15 cacuras e pessoas estranhas) quando uma coisa me para. Gordinho, usando uma camiseta preta justinha no corpo (quando as pessoas vão entender que “camisa justinha” só funciona quando você tem a quase impossível combinação de corpo magro/longilíneo mas sem NADA gordura, porra?) com uma clássica idiota mensagem em glitter, segurando um drink coloridinho com uma das mãos (odeio drink “coloridinho”: drink tem que ser transparente, opaco e no máximo a intervenção de uma grenadine. Mais do que isso, pra quê?). Ele para, pega no meu cachocol. E numa voz proto-diva me solta “Too much.”. E saí.

Durante 1 segundo (hiperativo: a gente pensa rápido demais mesmo), minha cabeça processa a informação. Um cara deselegante, gordinho, usando “camisa justinha” tentando passar lição de “How to get dressed” para mim? No Rio de Janeiro, uma das cidades mais legais do mundo? Rá. Rá Rá. Rá Rá Rá.

Eu viro de lado. Faço a minha melhor cara “Blair Waldorf's Über-Bitch Face”. Sorrio o mais tender dos meus sorrisos. E mando:“ 'Too much of fat' you meant, darling?

A criatura faz aquela cara atônita de “Oi?”. Eu viro as costas. E jogo o cachecol pelo ombro da forma mais nonchalant possível que eu sei que consigo fazer – com a certeza de a ponta foi na cara dele. E continuo conversando com o meu amigo.

E decidido: o visual do verão? Qualquer coisa com cachecol. Eles já passaram 9 meses dentro do guarda-roupa, precisam de uma diversão, coitadinhos. E se todo mundo (meaning TODO MUNDO MESMO) pode sair exatamente igual de pólo da Reserva, porque eu não posso fazer a linha “Verão na Costa Amalfi”? :D

E a última
Contei para vocês que estou morando em Ipanema?

(É, eu sei: um passo crucial para a transformação numa “bicha phyna” foi dado. Agora só falta comprar a minha coleção de livros de mesinha de centro Taschen e fazer minha filiação no PSDB*. :D)

*Prometo ficar sem alfinetadas políticas por um bom tempo, tsá? :D

14 comentários:

Gui disse...

Adorei a parte do cachecol. Até acharia 'too much', mas existe uma coisa chamada 'bom senso', principalmente quando você não conhece alguém, né?

Mas eu nem vi, vai que ficou realmente estiloso? Fora que tem tido noites tão frias no Rio, eventualmente.

Adoro suas análises econômicas, faz parecer que eu sei um pouco de economia.

Ipanema, é? Adoray. Hahahha

Beijos

Daniel Cassus disse...

Lembra quando o Euro ia se chamar ECU (european currency unit)? E desistiram justamente porque em alemão 1 ECU ia soar como "eine Kuh".

Então... acho digno repensarem essa decisão agora, hahahahaha!

Thiago Lasco disse...

Eu ganhei um scarf lindo de uma amiga que foi pra Europa. Um xadrezinho verde-garrafa com azul e branco, da H&M. Inclusive apareço com ele no meu avatar do Blogspot. Sempre que eu uso, lembro de vc dando pinta com seus perfex pela Guanabara!

Ó, em dezembro vc não me escapa, viu! :)

Lucas disse...

Scarf de noite na praia é digníssimo.

Ah, Fernando, morei quase 1 ano em Dublin, os irlandeses não fazem meu tipo mas são super simpáticos.

Anônimo disse...

Betinha eu ri muito. Lembrei de uma senhorinha que eu conheço...
Seu blog é mara!

beto disse...

vai... quem morou em Hamburgo não pode achar alguma noite carioca fria! assume logo o cachecol como parte da sua persona e não tente racionalizar!

já eu acho os "cacuras" da Galeria o melhor que tem na noite carioca. sinto falta de um equivalente paulistano! tudo uma questão de perspectiva...

o salsichinha espremido na camiseta preta mereceu. eu posso até ter pensamentos semelhantes sobre cachecóis/chapéus/etc nos trópicos (e SP tá no limite, bem em cima da linha), mas guardo pra mim. pois sei que tb cometo minhas transgressões estéticas.

um dia ainda vou abonar sua ficha no PSDB hehehe (mentira, não sou filiado). mas bom ver que diferenças políticas não impedem
de achar gostos secretos (motivo para ostracismo no Brasil) em comum: reggaeton (e acho Pitbull mega-pegável!)... meu pé-na-cozinha se manifesta bem na área musical.

uma correção: a Paulista pode ficar ao lado dos Jardins, mas funciona hj em dia muito mais como um dos "centros" da cidade. e nos findes é uma das "praias" paulistanas com gente passeando pra lá e pra cá, então um ataque ali não tem essa conotação "Ipanema".

falando em Ipa. hora da maldade. Ipa nobre (Vinicius pro leblon) ou Ipa pobre (farme pra copa)?

Discípulo disse...

Squirrel? Morri! ;-)

Alex Bez disse...

Fernando, desta vez eu não resisti e fui conferir o link para: Silvinha, Margot, Betinha e Soninha! rsrsr, muito bom!
Estilo e sofisticação, ao que parece, são inerentes a sua pessoa! Mas lembre-se da máxima: Less is more, do visionário Mies Van Der Rohe.

abs,
Alex

Fernando disse...

@Gui: Firstly, não é um cachecol tipo "Subi os Alpes para esquiar". Na Europa existem cachecóis tanto nas coleções de inverno como nas de verão.

E aquilo não foi uma análise econômica. Tá mais para um Katylene meets comentarista de Economia (e não, eu não falei Míriam Leitão, porque me recuso a chamar aquela pessoa de comentarista de Economia).

@Dan: SUPER lembro.

Olha, sabe que nessa história que saiu se fudendo nem foram tanto os alemães. Mas porra, para Itália, Grécia e Portugal terem perdido a possibilidade de fazer política cambial (entendeu?) fez tudo ficar bem mais difícil.

@Introspective: O perfex é da Urban Outfitters, HONEY. (Tipo, isso foi uma micro esnobada, pois Urban é bem melhor/mais cara do que H&M. Esnobada idiota, porque todos os outros 385 cachecóis que eu tenho são... da H&M). :)

@Lucas: Os irlandeses eram uma coisa tipo "Westlife" ou eram algo meio "celtas selvagens e desdentados" mesmo?

@wonderfulcauseiam: Thanks! :)

@Beto: Eu sei que você vai ficar surpreso, mas... no geral se sente BEM menos frio em Hamburgo do que aqui no Rio. Na verdade essa regra vale para países temperados em geral. TUDO tem aquecimento por aquelas bandas - na casa da minha amiga sueca até o chão do banheiro era aquecido. E eles adoram sentir calor, o que resulta no fato de que se a temperature sobe acima dos 25C, faz um calor INFERNAL e eles ficam surpresos quando descobrem que NÓS também não somos resistentes para calor (porque tudo - principalmente no Rio - é preparado para temperaturas altas).

Sobre os cachecóis, a questão não é usar ou não usar (usa quem quer - eu curto porque alonga silhueta, dá um ombro, dá uma bossa no visual legal), mas... porque TODO mundo tem que se vestir igual aqui no Rio, principalmente na moda masculina? Porque existe esse código não explícito de "Você usa camisa pólo Reserva, jeans Diesel, tênis de academia mas que você insiste em usar como se fosse social"?! Acho que a moda representa muito da cabeça de um povo, e a brasileira é bem como os brasileiros: forçadamente homogênea e conformista. Poucos espaços para mostrar uma individualidade. Duvida do que eu falo? Entra no meu blogroll, vê o blog chamado "Diário de Lisboa", dá uma olhada no estilo fantástico dos portugueses under the Lisbon sun (e FAZ calor pra caralho lá) e compara com o que você vê pelas grandes capitais brasileiras. Claro, falta uma H&M popularizando o acesso à moda, mas também existe muito desleixo e muita falta de cuidado com algo que é importante, e mais importante, divertido de se cuidar.

E claro, Ipa pobre. Ainda não assaltei o Banco Central nem desfalquei a minha empresa para conseguir alugar uma casinha de cachorro que seja em Ipa nobre. Mas sabe da verdade? Prefiro Ipa pobre. Mais divertida. E perto do metrô. :D

@Uomini: Sempre lembro da Carrie falando que esquilo é um rato com um casaco de pele.

@Alex Bex: Amo Mies Van Der Rohe. :) Mas até o "Less is more" dele era cuidadosamente pensado (conhece uma marca chamada Acne? Se curte moda mais arquitetônica, vai ADORAR). Porque sinceramente, o que eu vejo aqui? "Less is more and VERY boring".

(Tirando os boffyscândalos que sinceramente... poderiam andar enrolados num lençol e estariam PERFEITOS)

Anônimo disse...

Leleco_RJ: Tá de endereço novo, estágio novo, vc merece. Muito Chiqueee ; )
Fala com o Daniel que eu tô sentindo falta do blog Chato no Ar, nos abandonou total :(

disse...

beesha, mas que RYCAAAAAH!
Agora quando quisermos tomar um café, é só te ligar e falar: "Desce, querydah!" ahhahaha

Podemos marcar outro café cultural daqueles, né?

Outra coisa, nem fui na parada também. Perdeu total o foco. É bem uma reuniao teen afetada, como voce mesmo falou.

Ps.: Squirrel? Quem tá Squirrel? Tico e teco? AUIhUHAA

Diego Rebouças disse...

Eu custei a vir aqui e ler, mas adoro sempre! Adoro. Super a favor de colocar você na tv.

Daniel Cassus disse...

Eu sei que o senhor tá mega ocupado e talz, mas só para avisar que eu já voltei à blogosfera, tzá?

http://mundoemmeusolhos.blogspot.com/

Anônimo disse...

kkkkkkkk, adorei a sua resposta pro gordinho!! Ri muito aqui. Adoro seu blog, é sempre um prazer lê-lo e relê-lo!

Bom, tou começando a pesquisa as chances de participar de um Eramus durante a graduação, mas só acho infos pra mestrado/doutorado, it's a pity!

Um abraço!
tito