quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eu juro que eu tento me controlar #2: Glee


Eu sei que metade da blogaysfera vai me matar, mas se o Daniel falou que não gosta de SATC (e o Thiago ousou mencionar que nunca tinha visto um episódio na vida), eu me senti no direito de poder também questionar uma unanimidade.

Eu achei Glee uma bosta. Grande bosta. Enorme bosta.

Por quê?

Agudinhos a la “American Idol”: Eu já assisti “Ídolos” (primeira edição, quando foi ganho por um ex-coleguinha de escola meu – daquela droga de escola do Mirabel), eu já assisti “American Idol” e até acompanhei por alguns episódios o “Deutschland sucht den Superstar” (que tinha o equivalente germânico do Serginho – depois de MUITO bronzeamento artificial, como é de praxe das bees pão-preto-com-ovo -, Benny Kieckhäben e apresentado pelo gostosón mor da televisão germânica Marco Schreyl). E sinceramente? Glee soa exatamente igual. Uma bosta só: agudinhos limpos e claros, caretinhas e mãozinhas Whitney/Mariah na hora de cantar, vozes bonitinhas-mas-que-tão-limpinhas-dão-sonozzzzzzzzz. Tipo Yakult: pausterizado demais, sabe?

Historinhas moloídes: Pode ser que eu esteja numa diferente fase da minha vida, pode ser que eu tenha vivido tempo demais em território europeu e me acostumado à pegada cínica e nada inocente das produções de lá, mas... os excluídos que se unem e conquistam um pouco de glória através da música? Garotinha nerd-e-com-beleza-não-óbvia (sempre uma atriz bonita pra caralho disfarçada por um cabelo horrendo + óculos errado) apaixonada pelo gostosão que joga Lacrosse/Futebol Americano? Em 2010? Ainda? Super acreditamos que os principais problemas da juventude americana ainda sejam esses, néam? Imagina se fosse uma produção européia: teria Christiane F. em pessoa dando aula de química (e ensinando aos alunos a melhor forma de sintetizar ecstasy), professora transando com os alunos (gente, num Corujão da vida de tempos atrás eu vi um filme inglês chamado “The History Boys” que tem uma cena entre aluno e professor que entrou fácil para cena mais erótica que eu já vi em filmes na minha vida.), ao mesmo um viado polêmico (cota de viados em filmes regulada pelo governo francês: todo e qualquer filme francês tem que ter ao menos um viado e um casal questionando os valores do casamento e trepando com todos os personagens do filme), estudantes fumando maconha no campo de futebol, árabes planejando explodir o colégio e garotas trocando dicas sobre como fazer abortos. Ah, a juventude européia... :D

Modelinho de série moloíde: Eu, crianças do Cazaquistão, Stalin e Platão devemos todos ter tido traumas no High School (ai da criança que deve ter negado dividir Mirabel com o Stalin: fato que ele deve ter prendido, torturado e feito goulash dos coleguinhas burgueses dos tempos de escola na Geórgia). Mas por que diabos americanos têm essa necessidade de voltar ao tema “High School” todo o tempo? Get over it, caramba! Essa coisa mítica de “Prom Party”, “Spring Ball” e afins chega a dar sono de tão chata que é. Pior é o “efeito Malhação” da coisa: atores de 20 e muitos anos, currículo de piriguetagem maior do que a minha lista corrida de ficantes em Hamburgo, fazendo carinha de santinho e dileminhas “Is he really the special one?”. Saco, saco, saco.

Interpretações musicais dignas de “Jogral Educativo do Educandário Santa Neusinha de Luzilândia”: Sinceramentchy? O antológico momento de vergolha alheia “Barbie Girl” by ‘Love for Johnny’ e ‘Dani for Love’ tá ali, ombrinho com ombrinho com o que eu vi em Glee. Os figurinos e caracterizações realmente são interessantes, mas se lembrarmos que até Zorra Total não faz nem tão feio assim nesse quesito, não dá para dizer “Oh, Puxa! Que maravilha!”. O que foi o episódio da Lady Gaga?! Vocês acreditam que aquele povo teve o topete de suprimir o “I’m a free bitch, baby” de Bad Romance, provavelmente porque algum produtor paunocu pensou o que as adolescentes do Meio-Oeste, fãs de Taylor Salsichas Swift e leitoras de Seventeen, não agüentariam o choque cultural de escutar um palavrão na TV?!

21 comentários:

Lobo disse...

Caralho.

Eu não consigo parar de rir imaginando a reação do tio Stalin quando lhe negaram o Mirabel ahauahauahauahau.

Mas sei lá. Eu até que gostei de alguns episódios da primeira temporada, e algumas versões de algumas músicas ficaram muito boas... Agora só assiti dois episódios da segunda e não estou aguentando nada nada...

Daniel Cassus disse...

Eu ainda estou na frente. Ainda não assisti a nenhum episódio de Glee também. E a única opinião desfavorável sobre a série que eu ouvi além da sua foi a da minha fag hag HT. Ou seja, não vi e não gostei.

tommie disse...

Me junto ao grupo humildemente, vi meia cena e foi o suficiente. Mas isso não significa que eu me ache com "bom" gosto, porque assisto umas coisas que deus-me-livre...

Gui disse...

Ainda não vi também, mas até tenho curiosidade. Você não é a primeira pessoa que eu leio que faz uma crítica desse tipo.

Quero ainda mais ver pra defender ou meter pau.

Lucas disse...

Assisti os 6 primeiros episódios de Glee quando morei em Dublin e também não gostei. Não só pq tenho dificuldade em gostar de musicais, mas tb por todas razões citadas no post!

Eu entendo que crianças e pré-adolescentes gostem de Glee, mas adultos acho demais. Meu flatmate francês burro-velho era viciadinho em Glee e eu nunca entendi a moral.

Mas o pior de tudo é que dizem que sou parecido com o Kurt.

Ai, ai.

railer disse...

eu sou fã de glee e adoro as versões das músicas. estou pra escrever uma postagem sobre a série, quem sabe eu não consiga te convencer de algumas coisas? como toda série, há episódios bons e ruins, mas no geral eu curto muito.

Paulo disse...

Ah, pode me incluir na lista dos que detestam Sex & the City! Dormi nas duas tentativas de assistir o primeiro filme, nem tentei ver o segundo e só assistia algum episódio da série quando algum amigo me obrigava a ver na casa dele!

Agora, quanto à Glee... Confesso, não assisti nenhum episódio ainda, mas quero baixar! Falo isso por que já baixei os três cds que lançaram, e gostei de várias versões!! Sei que é o típico seriado para adolescente americano com todos os seus clichês, but... a música me atraiu, fazer o que!

Agora, vamos ver se vou continuar curtindo as músicas depois de ver alguns episódios...

O+* disse...

Eu tanto ouvi falar aqui na blogsfera que comprei a primeira temporada = diversão certa para mim e para a caçula: adoramos!!! E eu comcei até a gostar de Lady Gaga depois do Glee =))

Don Diego De La Vega disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Don Diego De La Vega disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Don Diego De La Vega disse...

Em três partes...

1) Fernando, Glee não se pretende a oitava maravilha do mundo. Mas é muito bom, sim.

O criador é o mesmo do seriado polêmico até a medula Nip Tuck, Ryan Murphy. Um cara gay assumido q fez uma outra série inteiramente gay.

A idéia era revitalizar/dar nova roupagem ao adorado tema do High School. Americanos adoram isso, pq pra eles é uma questão importante, valorizada. Eles tem a prom, eles tem as castas no colégio, os jocks, as cheerleaders, eles tem até bolsa de estudo pra faculdade se eles se destacam em esportes; a gente aqui não tem porra nenhuma.

Outra coisa é q a imensa maioria dos americanos (e dos mortais) é loser e/ou faz parte de uma minoria. O mundo não é feito só de gente linda, sarada, boazinha e jovem como Hollywood ou no Barrados no Baile (q não é da sua época, então vc não cresceu acompanhando).

Portanto, dar vez e voz à uma gorda negra, um nerd numa cadeira de rodas, um gay afeminadíssimo (que NUNCA sofre preconceito por isso e q tem o apoio do pai dele machão), um jock com um neurônio e um cara de cabelo moicano safado e gostosão (mostrando q ele é mais q isso, tb)claramente cativaria uma enorme fatia de público.

Don Diego De La Vega disse...

2) Mais do q esses personagens, há a protagonista (Rachel), que apesar de bonita e ter boa voz, não deixa de ser uma filha da puta (uma diferença do padrão implementado), há a cheerleader mais linda da escola, que engravida depois de pregar a castidade, e que se mostra tridimensional, bem além da visão de bitch q se aplica à personagens como esse.

Há a questão das músicas: os arranjos são refeitos, os números são bem produzidos e a série conseguiu resgatar (e relançar) hits dos anos 80, apresentando-os a uma nova faixa etária q não cresceu com eles. Há o apelo puro e simples pra uma fatia de público que valoriza musicais, como A Noviça Rebelde, Moulin Rouge e afins. Não é necessária uma história crível a ponto de justificar tanta música, apenas é preciso uma desculpa para elas. E assim Glee vai.

Vc não mencionou que episódio viu, ou se assistiu do começo, do piloto da primeira temporada.

Para adultos, como eu, a série ainda foca em outra questão: a profissional. No piloto, o professor, Will Schuester, é confrontado com o fato de ter q virar um contador – algo q ele odeia – para ter grana e manter a família. Ele abandonaria sua real vocação, a música, pra se dedicar a isso? Conseguiria aceitar isso? Não à toa, essa foi a grande questão que encerrou o piloto, e que pavimentou o caminho para que a Fox aprovasse a produção da série.

Don Diego De La Vega disse...

3) Os diálogos são criativos e muitas vezes engraçados – é uma comédia, não um drama – e as participações especiais de atores e atrizes consagrados (além de cantores, o último episódio homenageou Britney e contou com a própria) garantem mais destaque ao programa.

Glee é pra ser leve, propositalmente simples e divertido. É pra trazer 42 minutos de leveza e boa música, bem produzida e alto astral. No meio desse caminho, dá lugar nos holofotes praquelas pessoas que sempre foram rejeitadas por ele. Ou vc lembra de alguma outra série ou filme q tenha dado tanto destaque positivo (e sem chacota) pra um cadeirante ou pra um gay afeminadíssimo como esse?

Autor disse...

Ah, eu gosto.
E até escrevo sobre num blog sobre séries.
E estou apaixonado pelo Diego de La Vega, hahahahahaha

Adorei o encontro e você é divertidissimo pessoalmente. Mesmo sendo estudante de economia.
:-P

Bjos

www.boca.vai.la disse...

adorei seu brog, ja favuritei, realmente o bruno de luca é uó, odeioooo.

da uma oiada nu meu brog www.boca.vai.la

Don Diego De La Vega disse...

E num site seríssimo que avalia lançamentos americanos em Blu-ray....

"Final Thoughts

No matter what any of these actors do with their futures after this show, Glee will undoubtedly be a high point in their careers.

Gold is to Fort Knox what entertainment is to Glee.

It’s a stronghold of feeling and performance. The show may have won an Emmy for its comedic aspects, but I was surprised to see that it actually runs deeper than that.

There is a lot of seriousness to this series, in addition to its laughs and music, making it a triple threat as far as the show’s attributes are concerned.

This series is one to buy and buy now. Season 2 is underway on Fox as we speak so if you need to catch up or just own the magnificence of one of television’s most creative productions, do yourself a favor and add Glee: Season 1 to your Blu-ray collection."

;))

Cassius disse...

faço minhas as palavras do diego...

ps: essa acidez exarcebada no blog ta me cansando..
abração

Fernando disse...

@Lobo: Eu imagino o chilique do Hitler em "A Queda", mas em russo! :D Stalin era muito louco, né? Suprimiu até a própria língua em prol do russo. Eta carinha maluco...

@Dan: Vale a pena tentar. Depois desses trocentos blogs rasgando elogios à série, vale a pena ver para pelo menos se inteirar.

@tommie: Glee é chato. Ponto final. :D

@Lucas T.: Exatamente isso! Achei pré-adolescente demais.

E, você mega lembra o Kurt! :D

@Railer: Você pode tentar! :D Mas confesso que sou mega teimoso para as minhas opiniões. A não ser que você realmente tenha ótimos argumentos e eu tenha visto os episódios mais chatos de Glee.

@Mulher *: Achei a versão de Glee para Lady Gaga pasteurizada.

@DonDiego: Diego, super entendo você. Super entendo seus argumentos. Pode ser mesmo que eu esteja me tornando um proto-intelectual chato, mas acho Glee CHATO. Boring. Pasteurizado demais. Até onde se pretende crítico e inovador. Entendo toda a força do conceito que possa ter para os americanos, mas realmente como você bem disso, tá longe de ser a oitava maravilha do mundo.

(Viu, sou tão teimoso como você! E continuamos discordando! :D)

@Cassius: 53 blogs no meu blogroll, ao seu dispor para se servir. Divirta-se! :)

Cassius disse...

fernando,

eu realmente gostava de ler seu blog, mas como vc está se tornando um reclamão, está com algum complexo de chatisse, eu estou seguindo sua dica de ler os outros 53 blogs e o seu apenas dou uma passada de olhos. :)

Fernando disse...

@Cassius: Eu não sei com relação aos outros blogueiros, mas o que eu escrevo é diretamente reflexo do que eu estou sentindo. Se os meus textos estão reclamões, é porque eu estou reclamão. Se os meus textos estão esbanjando euforia, é porque eu estou eufórico. That is it.

Não consigo escrever textos aqui "on demand". Simples assim. Afinal, se conseguisse, largaria em dois tempos a Economia e tentaria Jornalismo. Esse espaço é para exercer livremente a minha criatividade, falar do que eu quero. Não escrevo para um portal, escrevo para um blog.

Absolutamente entendo que tenha fases que nos identificamos mais com um autor do que com outro. Isso é normal. Acontece até com amigos, porque não iria acontecer com blogs?

O que eu não posso é escrever pensando no que vai ou não agradar vocês, não é? Porque aí, sinceramente, perde metade da graça.

Beijos,
Fernando.

Anônimo disse...

Acabei de adicionar sua página aos meus favoritos. Eu gosto de ler seus posts. Obrigado!