domingo, 3 de janeiro de 2010

Tour Leste Europeu - Praga


Depois de uma viagem que acabou durando mais de 10 horas (quando o normal seria por volta de 6 ou 7), finalmente chegamos a Praga. Ok, congelando de frio porque a temperatura na Europa resolveu desabar de novo, completamente exaustos da longa viagem, esfomeados (10 horas de balinha, biscoitinho e pao com queijo camembert frances nao sustenta ninguém nao! Ah... Saudades de um bom prato de feijao com um bifao...), mas pelo menos chegamos.

Mas como o fundo do poco tem porao, logo percebemos que tinhamos um pequeno problema: encontrar o hostel onde iriamos passar a noite. Tarefa 1: encontrar um cybercafé, com algum atendente que falasse um ingles funcional. Acabamos (depois de driblar uns cinco vendedores de maconha e haxixe na principal rua de Praga) encontrando um cyber dentro de uma loja de bronzeamento artificial (?) que funcionava em cima de uma tabacaria especializada em charutos cubanos e vodca com blend de cannabis (?!). Enquanto os garotos checavam o Facebook para pegar o endereco, eu me sentei numa das cadeiras (cafonérrimas) de tipo um bar de verao da loja de bronzeamento, peguei um dos folhetos e fiquei vendo como é triste a vida de quem nao tem sol para se bronzear. Nisso, o atendente (que nao tinha respondido o meu "Boa noite", em tcheco) vira e pergunta "What you will drink?", gritando lá do balcao. Me virei, olhei para o menu na minha frente, pensei em algo, mas lembrei que nao tinha uma única moeda em coroas. Respondo "Nothing. I am sorry, but I still have only euros here, and I am waiting for my friends.". O cara vira e me manda um "Entao voce nao pode ficar aqui. Isso daqui nao é uma sala de espera.". Pronto: peguei implicancia com os tchecos. Porra, tá uma temperatura de 2°C lá fora, com vento, os meus amigos estao somente checando um site, eu sentei numa cadeira de um bar as moscas, sou turista, venho gastar a merda do meu dinheiro naquela bosta de lugar para o cara me tratar assim? Levantei, falei com os amigos que ia esperar lá fora, e na saída olhei bem no olho do cara e falei um "Vai tomar no cú!" em bom portugues. ;D Sim, voce sai do subúrbio, mas o subúrbio nao sai de voce: principalmente quando estou gastando em coroas tchecas (o que inclui nisso o dinheiro da merda da comissao). Hmpf!

Mais um outro pequeno drama para conseguir dirigir em Praga (fomos parados pela Polícia Tcheca: nao, nada de policial sarado gostosao que te leva pro carro e te dá uns pegas. Somente um senhor de 40 anos, falando um ingles muito do básico, que foi razoavelmente simpático com a gente.), achar a rua do hostel (porque em tcheco todas as ruas parecem ser Kkeheécoesw - idioma bonito, hein...), e finalmente... livres! Ficamos no Hostel Emma, numa regiao bem central de Praga (que é uma cidade razoavelmente compacta, ou seja: dá para fazer tudo a pé), pagamos somente 7€ pela noite, com um quarto bem decente e bem comfortável - recomendo.

Durante esse estresse de achar hostel, deixar mala, estacionar a van... surgiu uma grata e inesperada surpresa: a neve. :) Em poucos minutos, as ruas de Praga ficaram completamente cobertas por uma camada branca, o que claro, já foi a deixa para algum dos garotos já fazer uma bola e mandar na cara do outro, iniciando uma guerra de bolas de neve que deve ter durado uns 20 minutos. No final, todo mundo tava exausto, tremendo de frio, molhado (afinal, neve nada mais é do que... floquinho de água de chuva), mas tendo se divertido muito. E as ruas de Praga, ainda mais mágicas e especiais do que elas já parecem sem neve...

Depois disso, passeamos um pouco pelo centro histórico da cidade (voces sabem, cidade na Europa é sempre o mesmo esquema: praca principal, estacao principal, praca da Opera, praca do Museu Nacional...), vimos o mercado de Natal da cidade. E enquanto tudo isso, nevava, nevava, nevava... Ok, lindo: nao importa o quanto eu veja de neve, eu sempre fico feito crianca vendo aqueles floquinhos brancos cairem do céu, hipinotizado.

O problema disso? Roupa de inverno tipo estacao de esqui nao rola em ambiente urbano aqui na Europa (na verdade rola em um lugar: Alemanha. Eu adoro os meus queridos alemaes, mas eu preciso concordar em uma coisa: em estilo de se vestir sem nocao, alemao e americano sao experts... Tadinhos...), porque a roupa que voce normalmente usa no dia-a-dia resiste o caminho "de um lugar quente para outro lugar quente". Mas turismo exige horas ao ar livre, e aí fudeu: umidade entra pelo sapato congelando o seu pé, a roupa inteira fica úmida e molhada, a orelha parece que se dobrar, cai um pedaco. E nesse momento, a alternativa é correr para o lugar quente mais próximo, e fazer a melhor coisa que se tem para fazer no inverno: comer. :D

Comida na Europa Oriental é aquela coisa: varia um ingrediente ou outro, e sempre é um goulash para cá, uma vitela no molho nao sei o que para lá - o que nao quer dizer que seja excelente, e que claro que vale a pena experimentar. E claro, cervejas - pelo menos as que eu tomei foram muito boas, mas também nada de outro mundo comparado ao que eu já tomei na Alemanha (#germanrecalquefeelings).

Depois do jantar no restaurante típico, saímos para a rua, e os meninos acabaram topando com algumas piriguetes tchecas pelo caminho. Conversa chata vai, conversa chata vem (hetero enrooooola... Dá um sono...), as tchecas indicam para a gente um clube barato (afinal ninguém estava com muitas coroas tchecas) e vamos todos juntos - depois de 26 dias viajando sozinho pela Europa, até Mariuzinn eu topo para nao ir desacompanhado. Quando eu entramos, a grata surpresa: o clube praticamente era uma colonia de férias - só tinha pirralho de 18, 19 anos de idade. E a foto ai de cima? O clube tinha uma professional bitch que ficava dancando em cima de uma mesa, enfiada num shortinho "É o Tchan", botinha de couro, fazendo caras e bocas ao som das músicas, e divertindo o pessoal com essas brincadeiras suuuuuper de bom gosto (ah, nao fode: ficar lambendo chantilly no corpo de uma outra pessoa?! Ui, suuuuper moderno isso, néam? Ah, por favor, cafonice no ÚRTIMO isso... Depois nao sabem porque tem fama de piranha na Europa Ocidental...).
Aliás, adendo importante:  eu sei que vai vir na cabecinha pervertida de voces (que é exatamente igual a minha rs) a pergunta "Mas nao tinha nenhum tcheco gostosinho que valesse a pena gastar um tempo nao?". A minha resposta: sinceramente, nao. Os tchecos até me parecem um povo bonito: de corpo e de rosto. Mas o gosto para moda é sofrível: o estilo rapper americano parece ser o "da hora" para os meninos daqui, e as garotas tem um estilinho tao piriguete cheap para se vestir que dá pena de ver... E pelo menos, para mim, o estilo de se vestir é tao importante quanto o físico do cara... Portanto, nao me animei muito por terras tchecas nao...

Acordamos no dia seguinte já meio tarde, empacotamos as coisas, levamos tudo para a van (afinal depois do horário de almoco já partiriamos para Putapeste... Ups, Budapeste). E fomos conhecer o que seria possivel conhecer de Praga em uma manha: a praca da cidade velha (com o mercado de Natal ainda montado) e o incrível prédio da Igreja Týn dominando a paisagem...


As margens do Rio Vltava, com os jardins completamente ainda cobertos pela neve da noite anterior - o que deixava Praga, com os famosos prédios em pedra escura, ainda mais diferente do que tudo que eu já tinha visto na minha vida.

E a famosa Karlův most (Ponte Carlos), com as estátuas de pedra e a lindíssima vista do Rio Vltava (nomezinho ingrato esse hein... tenho que ficar toda hora checando para ver se eu escrevi direito... Como diz um amigo tuga, "Que piça!"...). A ponte realmente é incrível como parece ser nas fotos, com artistas de ruas de todos os tipos imagináveis, músicos se apresentando (o que eu sempre acho que dá um toque todo especial a esses momumentos na Europa - tem coisa mais legal do que uma boa trilha sonora enquanto voce admira algo tao bonito?).

Enfim, foi uma visita realmente rápida demais a cidade: ainda tínhamos quase 7 horas de estrada antes de chegar a Budapeste, a cidade onde passariamos mais tempo. Praga parece ser uma cidade ideal para ser explorada a fundo, e eu pessoalmente me encantei com as ruelas estreitas e o clima quase místico que aquela cidade tem. Acabei indo embora com a sensacao de que preciso voltar a essa cidade, e explora-la bem mais a fundo (como aconteceu com Roma, Londres, Lisboa...).

Mas algumas bees devem estar pensando "E os tchecos?! E os tchecos?!". Como eu falei, sinceramente, nao vi nada do tipo Pavel Novotny pelas ruas, nem pelos perfis que eu tenho para digamos... aumentar as minhas possibilidades de contato em cidades européias. Justica seja feita, com o frio que tem feito na Europa, as pessoas andam tao encasacadas que fica impossível ter uma nocao além do rosto da pessoa (e do gosto - ou falta de gosto, no caso dos tchecos - para se vestir). A única movimentacao gay que eu vi pela cidade foi um casal andando de maos dadas pela praca da Cidade Velha, apesar de nessa viagem, o meu intuito foi realmente me divertir (e ficar encalhado) com os meus amigos heteros - portanto programacoes gays nem rolaram.

Mas para nao falar que Praga é uma cidade estéril demais nesse aspecto, fica a mensagem de uma camiseta de uma loja de souvenir. :D

From Prague with Love, Fer. :D

7 comentários:

Anônimo disse...

Eu nem tinha visto este post de Prarra....
Mas vc ahazouuuu

Gato todo dia...
Vai ser gostoso assim la em casa
....." Manda que eu faço chover
Pede que eu mando parar...
Manda que eu faço de tudo
Meu amor, pra te agradar..."
Ylê Ayê

Tiago disse...

Eu sinceramente achei os tchecos de uma grosseria sem fim. A cidade é linda e eu tive relativamente bastante tempo para explorá-la, mas no final já não aguentava mais o tratamento "padrão" de lá. Até pensei que fosse por causa do idioma, mas considerando que eu fui relativamente bem atendido e recebido em Budapeste, duvido que esse seja o motivo verdadeiro. E a vida gay é um desastre. Até fui numas baladinhas, mas bem ruinzinhas. E a gente pensa que vai encontrar um monte de rapazes estilo Bel Ami: #fail, quase todos devem ter picado a mula para a Inglaterra e para os EUA para fazer filme pornô. Com os poucos que eu me aventurei o inglês era sofrível e o alemão limitava-se a meia dúzia de palavras. Acabei interagindo com um monte de americanos, o que é uma vergonha estando na Europa, mas enfim, foi o que deu para fazer. Como eu adorei sair de lá e cair direto em Viena, onde o meu alemão meio básico resolveu-se muito bem e eu achei as pessoas muito mais cordiais!

beto disse...

acho que Praga é uma quase unanimidade: todo mundo acha a cidade linda e odeia a grosseria dos nativos. E me sinto super à vontade por falar mal deles, ehhee. Apesar de ser só 25% descendente de tcheco, o sobrenome bem genérico de lá continua (mas vai parar comigo, que faço a linha não-reprodutor).
A mistura da simpatia natural deles com anos de comunismo se mostrou bem eficiente nesse aspecto...
E depois de ir lá com minha irmã é que tivemos o insight de por que nosso avô tcheco era daquele jeito... e de que herdamos um pouco daquilo. Genética funcionou a todo vapor nesse quesito, já que no lado físico herdei o estilo pé-na-cozinha do outro lado da família.

Leonardo disse...

... e eu achando que no final você iria encontrar seu Pavel Novotvny.

Ou que teria um Pavel Novotny em cada esquina de Praga. Damn...

Fernando disse...

@Tiago: Concordo, concordo, concordo. Os húngaros sao bem mais simpáticos, e Budapeste é tao visitada quanto Praga: portanto, a desculpa do "excesso de turistas" nao cola muito nao. E como falei, achei todo mundo até que fisicamente OK, mas no jeito de vestir... praticamente um desastre. Horrendo.

E americanos... bem, eles são joselitos, sem noção, abitolados... mas vamos confessar: para uma diversãozinha sem compromisso e sem muita crise intelectual, eles são os melhores. :) Europeu sempre briga com europeu, é uma luta de egos que cansa que só...

Fernando disse...

@Beto: Mas por que os tchecos sao tao FDP's? Por que os húngaros e poloneses são mais simpáticos, se tiveram uma experiencia histórica bem semelhante? Não é muito fácil mesmo entender não...

Fernando disse...

@Leo: Dica pessoal, vai pra Estocolmo. Os deuses gregos estão por todo lado lá.

O problema? Falar com eles. Suecos sao especialistas mundiais no playhardtoget.

Nao existe paraíso no mundo, meus queridos...