Tem horas que eu não entendo a televisão brasileira: as maiores merdas ganham o prime time, divulgação, horário especial e escambau. E produções excelentes... ficam para altas horas da madrugada. Por que? Minhas últimas duas “noites corujinhas” (uma merda: desde pequeno sempre fui assim. Megas lembranças comigo lendo no corredor aos 8 anos de idade porque não tinha sono e dividia quarto com a minha querida mala irma) foram enriquecidas com as duas últimas edições do especial “Por toda a minha vida”. Ontem, Chacrinha, seu mundo louco e a conclusão de que a TV brasileira já foi bem mais ousada do que essa atual programação blasé e previsível.
E hoje: Cazuza. Se eu fosse um estagiário da Globo, juro que diria “Pra que?! Já fizeram um filme! Não vai dar pra fazer muito melhor!”. E por isso eu não sou estagiário da Globo: conseguiram fazer algo diferente, e ainda assim muito bom. Informativo, rico, atrativo, interessante. Do tipo de coisa que gostaria mostrar para amigos gringos falando “Isso é história cultural do meu país!”.
Sobre o Cazuza itself: #1 gaaato (mesmo com a língua plesa) néam? #2 adoraria realizar uma viagem no tempo e transportá-lo para uma Baronetti/Nuth nos dias atuais e ver o que aconteceria (eu sou a crueldade em pessoa: atóooro um circo pegando fogo!). Sobre anos 80: ah, eu tenho uma nostalgia dos anos 80! Era pequeno demais naquela época, só nasci em 85, portanto não lembro de muita coisa (sei lá, Xuxa de roupa de piranha mini-saia descendo da nave especial vale?) . Mas foi uma década... tao exagerada, tao rica, tao esquizofrênica, onde tanta coisa aconteceu. Um privilégio quem pode acompanhar tudo isso se passando na sua frente. Acho lugar-comum endeusar a década de 70, mas foi na de 80 que o mundo se transformou e tomou a forma que conhecemos hoje – e eu acho isso muito mais foda. Moda (imagina que loucura poder montar visuais tipo brinco assimétrico amarelo fluorescente, blusa morcego roxo e legging azul piscina e sair na rua assim?). Música (em que momento a música popular brasileira passou de Renato Russo e Cazuza... para essa coisa tipo Cláudia Leitte, Nxzero e Rebolation, hein?). Artes (ainda penso no que Keith Haring teria criado senao tivesse morrido tao cedo...). Mundo (tenho um livro-comemoracao dos 70 anos da revolucao, publicado pela gráfica oficial da Uniao Soviética. Incrível ver como aqueles acreditavam profundamente naquela ideologia que parecia dar tao certo nas páginas daquele livro... e ver como ela dava errado na prática). E a AIDS. Levou tanta gente talentosa que podia ter transformado a década de 90 em algo um pouco menos nude/natural look e um pouco mais néon. Estamos em 2010, e ainda nada de vacina, nada de cura, nada de nada.
Será que é uma tendencia/falha que todos nós temos em ver o passado sempre como algo melhor do que realmente foi?
P.S.- E depois, o que passa? “The Beach”. Conheco um monte de gente que simplesmente odeia. Eu adoro (filme de viagem, estética fugindo um pouco do lugar-comum, trilha sonora legal e moral de que viagem é mais do que fotinho-baladinha-chaveirinho). Pensamentos: #1 Leo DiCaprio tem MUITO carinha de turista americano/europeu tipo I-am-a-traveller-not-a-tourist que usava Papepte do Guga, acaba indo a show de samba no Rio Scenarium e paga uma de alternativo por ter “ido à Lapa”. #2 Eu dava pro frances-que-foi-chifrado-pela-Ledoyen fácil. Sem fazer macaron nem nada. (Vive la France!) #3 Australiano sempre é meio bocó, né? (mas confesso que algo naquela coisa meio British guy meets Quicksilver super funciona para me atrair... rs). #4 Tailândia? Ilha deserta para brincar de comunidade alternativa? Nada de Internet, roupa lavada com um bom amaciante (nada biodegradável, bien sur) e muito menos um bom Neutrogena limpeza profunda na tristate area? Támalucomermão?! Isso é um paraíso ou inferno? #5 Acho fofo o momento em que o Richard vê a foto do pessoal da ilha no laboratório de informática da universidade dele, lá nos EUA. É... Memórias... :D
P.S.2- Merde. Voilá: mais uma noite mal dormida! Ando indo dormir tao tarde que acho até amanha estarei inteiramente adaptado... ao fuso horário de Mazazlán ou Anchorage. Quando deveria já ir me preparando para ver o dia amanhacer lá na frente de novo... :P
5 comentários:
anos 80 foi a década achada, isso sim!
Que estranho sua insônia, quando criança.
Lembro dessa época (com algum esforço mental), em 85 eu tinha 17 anos, e o que me veio à memória foi a ascenção dos yuppies, do rock inglês deprê que odiava Margareth Thatcher, e o Rio de Janeiro sem trânsito (eu saía da tijuca as 19:50 e chegava as 20:00 no C.R.Flamengo, na gávea) e sem paranóia de violência. Não tenho nostalgia, só acho que foram tempos menos claustrofóbicos, recém-saídos da ditadura e querendo respirar. Hoje a coisa tá mais sobrecarregada de informação, ansiedade, cobrança e um pouco de ´nowhere to run to´.
@De Salvador: Er... Por que estranho? Você é pediatra, terapeuta infantil do sono? Dormir mal quando criança significa algum problema? (tipo, pergunta sem ironia, sério mesmo).
@tommie: Tijuca-Gávea em 10 minutos? Acho que nem Gávea-Jardim Botânico leva 10 minutos hoje em dia!
E yuppies são tão hilários. Melhor do que essa coisa nao-assumida de hoje em dia (faço economia, então dá pra imaginar a quantidade de amiguinhos nesse estilo que eu tenho, néam?).
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