domingo, 27 de dezembro de 2009

The translation getting into an end


Eu tenho inúmeros outros posts escritos pela metade; eu precisaria ir dormir cedo hoje porque só tenho amanha para lavar uma pilha de roupa do tamanho do Everest para a minha viagem que comeca na segunda pelo Leste Europeu (sim, os relatos de viagem do Fernando ainda nao acabaram!); eu tenho inúmeras coisas, pessoas e fotos para fazer/encontrar/tirar amanha aqui em Hamburgo... mas assim antes de dormir eu ligo a TV por acidente... e o que está passando? Lost in Translation. :)

Eu já falei da minha relacao com esse filme em algum post anterior nesse blog mas como o blog é meu e eu faco o que quiser. Esse filme foi fundamental em uma fase da minha vida em que eu definia basicamente o que eu queria ser, e quais as coisas que deveria buscar, ter como objetivo. Me fez enxergar que, por mais estranho, nerd e intenso demais que eu pudesse parecer para os outros em alguns momentos... eu nao estava sozinho. :) Eu nao estava sozinho em achar que realmente a vida depende de encontros. E de como esses encontros transformam a nossa percepcao de mundo.

E esse se tornou o tipo de filme que eu assisto quando estou comecando a achar a vida quadrada, previsível e chatinha demais. O filme que me faz ver a importancia de enxergar além do óbvio e trivial, em busca daquela essencia que define realmente o "valer a pena viver". Nao querendo fazer a linha pseudo-intelectual (mas já fazendo) hoje em dias as análises, percepcoes e opinioes quase sempre sao tao superficiais, simplistas e mal fundamentadas... e qualquer tentativa de ser um pouco mais profundo é logo taxada de "querer bancar o intelectual", "ser sensível e chatinho demais" que é difícil manter o animo e nao cair na cadeia do sorriso amarelo + conversinha sobre tema idiota. Esse filme me faz ligar o foda-se para tudo que me rotula dessa forma, e me dá um gás de continuar enxergando o mundo da minha forma. Mesmo que ela seja complexa, complicada e intrincada demais na maioria das vezes. É a minha forma. E assim que eu venho funcionando desde sempre. E porque eu deveria mudar?

E agora, esse filme me toca de uma nova forma, em um novo aspecto. Me lembra de que viajar e morar em outro país é ter que obrigatoriamente enxergar ainda mais além do óbvio, de um forma muito mais profunda e intensa. O óbvio é o cliche, o ponto turístico, a generalizacao (achar que alemaes sao todos frios e calculistas, por exemplo). Enxergar além disso é sair da sua concha e se obrigar a entender porque as pessoas pensam, agem e interagem daquela forma estranha e diferente. Porque isso é fundamental para qualquer um que fica em qualquer lugar por um período de tempo maior do que um turista leva para conhecer aquele roteiro de pontos turísticos.

E ainda bem que eu nunca mudei. Afinal essa capacidade de ser complexo, complicado e de querer enxergar além nas coisas foi exatamente o que me ajudou a conseguir sobreviver 11 meses na complexa e complicada Alemanha. E depois de 24 dias longe daqui, perceber o quanto eu estava com saudade desse mau tempo, de sisudas e taciturnas pessoas vestindo cores neutras falando esse idioma tao complexo e tao diferente, mas que de alguma forma estranha até para mim mesmo eu compreendo.

Fernando, de volta a Hamburgo. Por dois dias, antes da viagem ao Leste Europeu. E feliz de estar zum Haus (em casa). :)

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