segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bratwurstland (Alemanha)



Para comecar o blog do jeito certo, vamos falar logo do principal assunto: Alemanha! Jawohl!

Mas primeiro, pode ir tratando de esquecer a imagem aí de cima: that is Baviera, honey! Essa roupinha de camponesa (chamada de Dirdl em alemao), Oktoberfest, dancinha daquele comercial da Pepsi da Copa de 2006 – TUDO isso é Baviera. E tudo isso é tao proximo da realidade de um alemao que mora em Hamburgo (onde eu moro) como da realidade de um brasileiro. (FYI: Baviera é um estado láaaa do Sul da Alemanha. Na verdade, é “O” estado da Alemanha: o mais rico, o mais influente, o mais poderoso. E segundo os alemaes do norte, o mais cafona: muita BMW, muito dourado, muito bling bling, e muito sotaque caipira).

Pois entao... na Alemanha real a loirona peituda na verdade é uma tiazona turca, o salsichao considerado símbolo do país é o currywurst (salsichao de curry – Índia, né? Hellow?) e a Mercedes provavelmente foi fabricada na Rússia ou Hungria. (Tudo bem: sim, cerveja tem aos montes, e sim, eles gostam de cerveja mais quente que a gente considera ideal – mas vamos combinar que nao faz sentido nenhum tomar um chopp estupidamente gelado num verao de... 17C).

A Alemanha na verdade é bem mais heterogenea do que achamos no Brasil. Em linhas gerais: o Norte é protestante e liberal (Berlim, Hamburgo), o Sul é católico e conservador (Munique, Stuttgart); o Oeste é rico e desenvolvido (Colonia, Düsseldorf), o Leste ainda se recupera dos tempos comunistas (com taxas de desemprego bem mais altas e uma maior intolerancia aos estrangeiros). Além disso, tem o fato de que a Alemanha é um país mais novo do que o Brasil – o país surgiu da uniao de diferentes principados, o que significa que, por exemplo, historicamente Hamburgo tem bem mais em comum com Copenhagen do que com o próprio Sul da Alemanha.

(Na verdade, nem sei porque eu fui me meter a tentar definir a Alemanha. Tarefa complicada do caralho.)

A minha Alemanha (aka Alvaro Garnero) é a Alemanha que eu aprendi a amar e reclamar eternamente – como um bom alemao. :) É o país onde os onibus chegam sim as 14.37h e onde as pessoas nao cruzam a rua no sinal vermelho sob hipótese ALGUMA (principalmente na frente de criancinhas – faz isso e ve se uma velhinha nao comeca a xingar voce, faz...). É o país onde 2 minutos de atraso contam sim como ATRASO – e voce sendo latino escuta um pequeno sermao de como “na Alemanha a cultura de horários é diferente, e isso é inaceitável, etc...”. Mas também é o país onde depois de uns copos de cerveja todo mundo tá suuuuper amigo; onde qualquer buraco sempre vai ter caipirinha e os vendedores sempre vao dizer “Bom dia, como vai?” (alguém aí lembrou dos simpáticos vendedores indianos de Londres que olham para voce com aquela cara de “Voce é imbecil?” quando voce pergunta qualquer coisa?).

Enfim, a Alemanha é hate and love mesmo. É ficar louco querendo sair daqui para qualquer outro país europeu porque nao aguenta mais a paranóia de “controle e organizacao” deles; chegar em Londres e ficar pasmo com a “falta de organizacao” do sistema de metro (nem sob ameaca de mutilacao genital voce convence um alemao a cancelar um servico sem avisar previamente os passageiros, imprimir cartazes e colocar fiscais para guiar as pessoas). É nao aguentar mais esse idioma complicado e díficil, mas ficar todo emocionado com a expressao de surpresa e felicidade de quando voce encontra um alemao no exterior e voce fala o idioma dele. É achar esse tempo de geladeira (frio e escuro) um SACO, mas achar a Alemanha o lugar mais lindo do mundo depois de um dia de sol.

Das ist Deutschland. :)

Um comentário:

clarah disse...

Que fofo! No fim, depois das partes engraçadas, ok que a intenção não é esse, mas o amor por um lugar ou coisa é sempre bonito.
Fiquei até emocionada hahahah e com vontade de conhecer a Alemanha.

Beijo.