segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A arte de viajar por... mim mesmo - Parte 1

 Guia de conversacao - Porque digno é saber falar "O número do meu quarto é o 301" em sueco, húngaro e polones ;)

Guia Michelin, Frommers e Lonely Planet: tremei! ;) he he he
Nem de longe esse post tem como objetivo querer ensinar alguém a "forma ideal de se viajar". Afinal, eu acredito que viajar é uma atividade essencialmente pessoal - e somente viajando voce encontra a sua fórmula ideal para montar a viagem, o roteiro perfeito, etc. O que funciona para uns, pode ser a fórmula do desastre (e fator desencadeador de uma psicopatia assassina) para outros. Portanto, óbvio que nao existe uma fórmula ideal e universal.
O post é para realmente compartilhar o estilo "Fernando" de viajar, desenvolvido depois de muitos perrengues, atividades furadas (e finais de semana onde eu olhava para o meus companheiros de viagem e tinha vontade de estrangular cada um deles que tinha me convencido a entrar naquela furada). Pode nao ser o seu estilo de viajar, mas caso seja... join the group e nao se sinta mais sozinho no mundo! :)


1) Natureza equals inexistencia de cobertura wifi equals "Despertando o Charles Manson em mim" 
Primeiro aquele amigo bicho-grilo friendly te convence que um feriadao enfiado numa barraca de camping em Trindade, Ilha Grande e similares nao é uma idéia tao má assim. Depois voces se enfiam num carro abarrotado de tranqueiras e dirigem 8 horas até algum lugar no meio do nada, desembarcam tudo e caminham 3 horas até um local no meio do nada - exatamente igual a todos os locais que voce viu pelo caminho. Barraca montada, óbvio que comeca a chover, e voce percebe que a barraca nao é tao a prova-d'agua assim. A fauna selvagem local (formigas, mosquitos e outros insetos nao identificados) decidem que a sua barraca é o the place to be do momento, e apesar dos seus protestos, o seu amigo bicho friendly te proíbe de usar o seu Baygon ultra-químico-mata-tudo porque isso nao é "ecologicamente correto". Caso voce tenha muita má sorte, outro grupo de bichos-grilos friendly acamparao perto de voces, instantanemamente o seu amigo e eles farao uma amizade de infancia e planejarao várias atividades do tipo "seguir a trilha de 8h para uma praia deserta a 20km de distancia" (que será exatamente igual a praia em frente a que voces estao acampados) para os próximos dias. Chega a hora de jantar e alguém fará aquele indefectível "macarrao com salsichas" que irá atacar o seu fígado. E quando voce menos espera, chega o golpe final: alguém do outro grupo saca um violao da barraca, e todos ao redor de uma fogueira comecam a cantarolar todo o repertório do Legiao Urbana.
E ainda faltarao 3 dias para o final do feriadao.
Agora me respondam: sobrevoei o Atlantico por 13h; estou a 45 min e 30€ de distancia de Londres, Barcelona e Dublin e me tornei infinitamente ainda mais fresco depois do contato com H&M, culinária refinada e cosméticos La Roche-Posay por precos acessíveis. Um dos americanos without notion me solta "Gente, o que voces acham de um final de semana acampando aqui por perto?!". Quem voces acham que espalhou o boato que "cidades pequenas do interior estavam infestadas de grupos de skinheads xenófobos assassinos"? ;)


2) Guias de viagem gigantes equals furada
Eu sei, eu também sonhava com o dia que eu entraria em uma Saraiva/Livraria Cultura da vida, pegaria aquele guia gigante "Europe" do Lonely Planet e me dirigiria ao caixa.
O problema é que quanto maior o guia (mais países, mais cidades), menos focado ele será - e maior transtorno ele causará. E as consequencias disso?
Consequencia #1 "Síndrome de Cascao": Viagem significa pegar chuva, andar 7 horas por dia todo dia, sentar naquele parque para curtir o solzinho de final de tarde - tudo isso ao mesmo tempo com tudo enfiado dentro da mochila. Responda sinceramente: em que estado voce acha que o seu lindo e branquinho guia de 750 páginas estará depois de 30 dias de viagem e 7 países percorridos? (Nojinho).
Consequencia #2 "Síndrome de Winehouse - Lost":  Ninguém vem para a Europa e fica na base do suquinho + saladinha + dormir cedo para dar uma corridinha de manha. É um mundo de tentacoes winehousísticas: vinho frances, cerveja alema, vodka polonesa, espumante italiano. TU-DO dando sopa no mercado mais próximo, a um quinto do preco que voce pagaria no Brasil, TU-DO conspirando para voce liberar a Heleninha Roitman de dentro de voce. Portanto, claro que voce vai encher a cara, e claro que a situacao "achar o caminho do hotel enquanto desvia dos postes" se tornará uma situacao muito recorrente. E ai, honey, se voce conseguir se achar em Paris, Londres ou Lisboa usando um calhamaco de páginas desses, eu juro que voce merece entrar pro Guiness...
Consequencia #3 "Síndrome de Calvin e Haroldo": Se voce tiver ligeiras tendencias DDAH ou de indecisao (me, me), esse tipo de guia se transformará no transtorno na sua vida. Pode ir visualizando a cena: "Voce, sentado por 1 hora em algum Mac Donalds, tentando decidir se vai para o Museu da História Viking ou para a Igreja das Virgens Capuchinhas de Estocolmo". E  no final, voce ficando puto de tanta informacao, e acaba decidindo ir para o hotel se recuperar da ressaca do dia anterior,  passando o resto da tarde assistindo E!ntertainment ou MTV.
A minha solucao foi comprar guias menores, para cada uma das cidades que eu visitei. Quanto menor o guia, mais acessível ele será, mais fácil de carregar e menos uma dor-de-cabeca na sua vida. Guia de viagem precisa ser um apoio, precisa ser prático: nao existe praticidade num livro de 750 páginas que voce precisa folhear enquanto se equilibra numa bicicleta e tenta adiar o seu inevitável tombo em Copenhagen. Eu pessoalmente me achei com a série "Encounters" da Lonely Planet - é prático, pequeno, portátil e em uma das secoes eles listam roteiros muito dignos para diferentes tipos e duracoes de viagem. Roteiro é TU-DO: no primeiro dia, voce segue o que está escrito sem se preocupar se segue para a direita ou esquerda e já mata todo aqueles pontos mais importantes do local. E nos outros dias voce investe em sentir mais tranquilamente a vibe da cidade - que nao estará nos locais turísticos, seguramente.

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