Colocando o pingo nos i's, o Guido Westerwelle é bem diferente do político gay que estamos acostumados no Brasil. O FDP é um partido de direita, liberal. A colisão CSD/FDP representa uma guinada da Alemanha para uma direção contrária a da maioria dos países desenvolvidos no momento - enquanto o que se vê (até nos EUA, outrora O representante do liberalismo) é uma retomada de medidas e propostas sociais, o que se espera para a Alemanha agora é um maior enxugamento no vasto sistema de bem-estar social no país. O objetivo é devolver competitividade econômica ao país - desde a queda do Muro o país passa por um longo período sem um crescimento econômico expressivo e ainda hoje enfrenta o desafio de integrar e desenvolver efetivamente a antiga Alemanha oriental. Por outro lado, estamos falando da Alemanha: o principal defensor do estado de bem-estar social dentre os "grandes" da economia mundial - tendo o SPD como principal defensor dos direitos e vitórias conquistadas nesse setor. A briga promete ser feia...
E agora, um novo capítulo: a matéria do link é de um dos principais jornais daqui - o excelente"Die Zeit" - e comenta o fato de que o ministro das Relações Exteriores simplesmente se recusou a responder uma pergunta em inglês de um correspondente da BBC numa das coletivas de imprensa ("Nós estamos na Alemanha e aqui falamos em alemão" foi a resposta dele) - o que aqui na Alemanha levantou dúvidas sobre o inglês de Westerwelle. Enfim, a atitude é a esperada do Westerwelle, que é conhecido por uma certa arrogância e esnobismo no trato com os outros. Mas o mais interessante da matéria para mim foi uma questão levantada nos comentários: como um ministro de Relações Exteriores vai lidar, negociar e até mesmo visitar países nos quais o homossexualismo é tratado como crime ou até punido com pena de morte? A Alemanha é um país que vive essencialmente de exportações, e obviamente o ministro de Relações Exteriores tem um papel fundamental nisso. Como lidar com a questão?
Enfim, questão polêmica... Enfim, como um outro comentário citou, nenhum país é louco de prender um ministro alemão em exercício da sua função no exterior... E quem sabe, de alguma forma, o fato de que ter que receber e negociar com um homossexual não fará alguns dos países a repensarem suas políticas com relação aos gays internamente? Isso, um ministro hetero jamais poderia levantar em discussão, e para muitos alemães é um ponto extremamente positivo.
Bem, é esperar para ver...
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